Trump ameaça sobretaxar os US$ 505 bilhões de importações da China
Washington, 20 Jul 2018 (AFP) - O presidente Donald Trump disse nesta sexta-feira (20) que poderá sobretaxar todos os produtos chineses importados pelos Estados Unidos, se necessário.
"Estou pronto para chegar a 500", garantiu, em entrevista à emissora de televisão americana CNBC, referindo-se ao total de US$ 505,5 bilhões em importações da China registrados em 2017.
"Não estou fazendo isso por política. Estou fazendo isso para fazer a coisa certa para o nosso país", frisou.
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Após semanas de negociações aparentemente inférteis, os Estados Unidos impuseram no início do mês tarifas de 25% sobre produtos mecânicos e tecnológicos chineses avaliados em cerca de US$ 36 bilhões. Provocou uma reação imediata de Pequim, que garantiu que responderia com medidas equivalentes.
A China acusou os Estados Unidos de iniciarem "a maior guerra comercial da história econômica".
Uma segunda parcela de produtos avaliados em US$ 16 bilhões está sob revisão e poderá ser acrescentada em breve aos sobretaxados.
Além disso, na semana passada, o governo dos Estados Unidos anunciou que começou a definir uma lista no valor de US$ 200 bilhões em produtos chineses, aos quais imporá novas tarifas. Com isso, no total, cerca de US$ 250 bilhões em produtos chineses importados se veriam ameaçados.
Na entrevista divulgada nesta sexta-feira, Trump reiterou sua consideração de que a China "está se aproveitando" dos Estados Unidos em questões como o intercâmbio comercial.
"Não quero que eles tenham medo, quero que ajam bem", afirmou o presidente sobre a China. "Eu realmente gosto muito do presidente Xi, mas isso era muito injusto", completou.
O confronto com a China é o mais importante de todas as lutas comerciais que Trump iniciou.
Escalada
A situação gerou temores de que uma escalada da guerra comercial possa prejudicar a economia global, afetando as cadeias de fornecimento das empresas, forçando as companhias a pararem os investimentos e tornarem os produtos mais caros para os consumidores.
Em trechos da mesma entrevista divulgados na quinta-feira, Trump quebrou a prática histórica do Executivo de se abster de comentar as decisões do Federal Reserve, o Banco Central americano, por respeito à independência dessa entidade.
Para conter o crescimento da inflação que se insinua na maior economia do mundo, desde 2017, o Fed subiu sete vezes a taxa de juros e considera pelo menos mais outros dois aumentos neste ano.
Essa prática encarece o custo do dinheiro e impacta no crescimento, evitando o reaquecimento da economia.
"Não estou satisfeito", disse Trump em uma entrevista divulgada nesta quinta-feira, "porque estamos crescendo e, cada vez que crescemos, eles elevam a taxa de novo".
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