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Agricultura está fora da discussão comercial entre UE e EUA

27/07/2018 08h53

Bruxelas, 27 Jul 2018 (AFP) - A agricultura não faz parte da discussão comercial entre União Europeia (UE) e Estados Unidos - declarou a Comissão Europeia nesta sexta-feira (27), contradizendo o presidente americano, Donald Trump, que afirmou, na véspera, ter aberto a Europa para seus agricultores.

"Fui muito clara nisso. A agricultura está fora do alcance dessas discussões", indicou a porta-voz do Executivo comunitário, Mina Andreeva, acrescentando, porém, que as exportações de soja dos Estados Unidos para o bloco europeu estarão incluídas nas negociações.

Trump e o titular da Comissão, Jean-Claude Juncker, atenuaram a crise comercial transatlântica, ao anunciar na quarta-feira, em Washington, sua vontade de eliminar quase todas as tarifas aduaneiras e anunciar compromissos em matéria industrial e energética.

Em uma declaração, Washington e Bruxelas indicaram sua intenção de trabalhar para "aumentar o comércio de serviços, produtos químicos, farmacêuticos e médicos, assim como de soja".

"Isso abrirá os mercados para os agricultores e os trabalhadores", acrescentaram.

O presidente americano celebrou este acordo como uma abertura do mercado europeu.

"Acabamos de abrir a Europa para vocês, agricultores", assegurou, em discurso no estado de Iowa.

Do outro lado do Atlântico, porém, a França, segunda economia da zona euro, advertiu para sua oposição de incluir a agricultura.

"Nenhum padrão europeu pode ser suprimido, ou ser reduzido em matéria ambiental, sanitária, ou alimentar", disse, de Madri, o presidente francês, Emmanuel Macron.

No terreno agrícola, a soja parece ser o único setor envolvido nas negociações. Tanto Trump quanto Juncker indicaram que exploram como aumentar as exportações americanas desse produto para a UE.

Uma maior compra de soja americana, setor ao qual a China impôs medidas tarifárias em respostas às sobretaxas de Trump, não implicaria um aumento das importações globais europeias, afirmou uma fonte europeia, acrescentando que "estas se farão em virtude das condições do mercado".

Com a China olhando para a produção de soja do Brasil, o primeiro exportador deste produto para a UE com cerca de 40% do total em 2017, os europeus poderiam aproveitar a redução dos preços nos Estados Unidos, o segundo exportador para o bloco com algo em torno de 35%.