FMI defende alta dos juros nos EUA, que complica economias emergentes
Nusa Dua, Indonésia, 11 Out 2018 (AFP) - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, justificou nesta quinta-feira a alta das taxas de juros de alguns bancos centrais, uma política considerada "inevitável", apesar das críticas do presidente americano Donald Trump.
A alta dos juros "é uma evolução necessária" e "inevitável" para as economias como os Estados Unidos, que vivenciam forte expansão, têm inflação crescente e baixo desemprego, disse Lagarde em coletiva de imprensa em Bali, à margem da reunião anual do FMI.
De fato, para evitar o superaquecimento de uma economia robusta e uma inflação mais alta, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) elevou as taxas de juros em 0,25 ponto três vezes este ano.
Em dezembro, a instituição planeja fazê-lo novamente, apesar das críticas de Trump que, quebrando o tradicional respeito pela independência do Fed, expôs sua discordância com o aumento do custo do crédito.
Na quarta-feira, após uma sessão péssima em Wall Street, Trump voltar a criticar o banco central. "Acho que o Fed está cometendo um erro", disse ele, acrescentando: "Acho que o Fed ficou louco".
Ao contrário do presidente, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, também presente em Bali, tirou toda a responsabilidade do Fed pela queda do mercado financeiro.
"Eu não acho que tenha havido notícias do Fed que fossem conhecidas antes (...). Os mercados estão subindo e descendo", disse ele.
Nesta quinta, o principal assessor econômico de Trump, Larry Kudlow, também tentou colocar panos quentes sobre as declarações do presidente americano na véspera.
"Sabemos que o Fed é independente. O presidente não está ditando a política econômica. Ele não falou nada remotamente parecido com isso", afirmou à CNBC.
- Combo inédito -Para Lagarde, essa mudança de política monetária, depois de anos de dinheiro barato, não é apenas "legítima" e "inevitável", mas "esperada dada a atual situação (econômica) nos Estados Unidos e talvez em breve na Europa".
Mas ela reconhece que esse aumento dos juros aprofunda as diferenças com o resto do mundo e complica ainda mais uma conjuntura planetária já afetada pelas tensões comerciais: um coquetel perigoso e "sem precedentes", segundo Lagarde.
"Muitos mercados emergentes e países em desenvolvimento aproveitaram os custos de financiamento extremamente baixos" garantidos pelas taxas quase zeradas nos Estados Unidos nos últimos anos, disse ela. "Eles assinaram empréstimos frequentemente em dólares", explicou.
A virada da política monetária nos Estados Unidos fez com que o custo do financiamento ficasse mais caro, provocou fortes variações das moedas em relação ao dólar e uma fuga de capitais para os Estados Unidos - cujas altas taxas de juros garantem retornos atraentes para os investidores.
Essa equação é delicada para os países emergentes, que "deverão usar todas as soluções possíveis", enquanto o controle de capitais só pode ser "um último recurso", insistiu Lagarde.
- Fantasma do protecionismo -Para a diretora-gerente do FMI, as sombras se acumulam no horizonte: os juros americanos, o aumento da dívida pública e privada no mundo, o ressurgimiento do protecionismo.
Por isso, Lagarde lembrou do fantasma da crise financeira de 2008 e das crises mundiais anteriores.
"Minha inquietação: espero que não sejamos todos vítimas de uma espécie de amnésia coletiva sobre o que aconteceu há dez anos e sobre o que aconteceu muito antes, quando as tensões geopolíticas somadas ao protecionismo provocaram acontecimentos terríveis", lembrou.
A alta dos juros "é uma evolução necessária" e "inevitável" para as economias como os Estados Unidos, que vivenciam forte expansão, têm inflação crescente e baixo desemprego, disse Lagarde em coletiva de imprensa em Bali, à margem da reunião anual do FMI.
De fato, para evitar o superaquecimento de uma economia robusta e uma inflação mais alta, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) elevou as taxas de juros em 0,25 ponto três vezes este ano.
Em dezembro, a instituição planeja fazê-lo novamente, apesar das críticas de Trump que, quebrando o tradicional respeito pela independência do Fed, expôs sua discordância com o aumento do custo do crédito.
Na quarta-feira, após uma sessão péssima em Wall Street, Trump voltar a criticar o banco central. "Acho que o Fed está cometendo um erro", disse ele, acrescentando: "Acho que o Fed ficou louco".
Ao contrário do presidente, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, também presente em Bali, tirou toda a responsabilidade do Fed pela queda do mercado financeiro.
"Eu não acho que tenha havido notícias do Fed que fossem conhecidas antes (...). Os mercados estão subindo e descendo", disse ele.
Nesta quinta, o principal assessor econômico de Trump, Larry Kudlow, também tentou colocar panos quentes sobre as declarações do presidente americano na véspera.
"Sabemos que o Fed é independente. O presidente não está ditando a política econômica. Ele não falou nada remotamente parecido com isso", afirmou à CNBC.
- Combo inédito -Para Lagarde, essa mudança de política monetária, depois de anos de dinheiro barato, não é apenas "legítima" e "inevitável", mas "esperada dada a atual situação (econômica) nos Estados Unidos e talvez em breve na Europa".
Mas ela reconhece que esse aumento dos juros aprofunda as diferenças com o resto do mundo e complica ainda mais uma conjuntura planetária já afetada pelas tensões comerciais: um coquetel perigoso e "sem precedentes", segundo Lagarde.
"Muitos mercados emergentes e países em desenvolvimento aproveitaram os custos de financiamento extremamente baixos" garantidos pelas taxas quase zeradas nos Estados Unidos nos últimos anos, disse ela. "Eles assinaram empréstimos frequentemente em dólares", explicou.
A virada da política monetária nos Estados Unidos fez com que o custo do financiamento ficasse mais caro, provocou fortes variações das moedas em relação ao dólar e uma fuga de capitais para os Estados Unidos - cujas altas taxas de juros garantem retornos atraentes para os investidores.
Essa equação é delicada para os países emergentes, que "deverão usar todas as soluções possíveis", enquanto o controle de capitais só pode ser "um último recurso", insistiu Lagarde.
- Fantasma do protecionismo -Para a diretora-gerente do FMI, as sombras se acumulam no horizonte: os juros americanos, o aumento da dívida pública e privada no mundo, o ressurgimiento do protecionismo.
Por isso, Lagarde lembrou do fantasma da crise financeira de 2008 e das crises mundiais anteriores.
"Minha inquietação: espero que não sejamos todos vítimas de uma espécie de amnésia coletiva sobre o que aconteceu há dez anos e sobre o que aconteceu muito antes, quando as tensões geopolíticas somadas ao protecionismo provocaram acontecimentos terríveis", lembrou.
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