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Confira quem paga o que no orçamento da ONU

19/12/2018 15h23

Nações Unidas, Estados Unidos, 19 dez 2018 (AFP) - Todos os anos, a questão financeira é uma fonte de tensões na ONU. Em 2018, essas tensões foram acentuadas pela vontade dos Estados Unidos, maior contribuinte, de oficializar uma redução de 3% de sua contribuição para as operações de paz.

Quem fornecerá os 220 milhões de dólares que Washington não quer mais pagar?

As discussões giram em torno da divisão entre os Estados membros dos orçamentos de financiamento e das operações de paz da ONU. A questão é levantada a cada três anos e o compromisso final, que é esperado antes do fim do ano, será aplicado até o final de 2021.

O orçamento operacional da organização para o período de 2018-2019 é de 5,4 bilhões de dólares, enquanto o orçamento anual para operações de paz excede 6,6 bilhões.

Na quinta comissão das Nações Unidas, onde são tratados os temas orçamentários, os participantes trabalham o dia todo, "a noite e nos finais de semana", segundo indica um diplomata, enquanto outro menciona que é um "assunto ultrassensível".

De acordo com outro funcionário, que pediu anonimato, "o Grupo dos 77 e da China" (na verdade 134 países) sugeriu nas discussões que a União Europeia (UE) assumisse parte das despesas que os Estados Unidos não querem mais pagar.

- "Reduções" -A UE tem status de observador na ONU, enquanto o G77 é apenas um "grupo", por isso é normal que pague, estima a maior coalizão de países em desenvolvimento dentro da ONU.

"Fora de questão", replicam os diplomatas europeus. Neste caso, outros observadores também teriam que pagar, o que implicaria que a UE contribuiria "duas vezes", quando a sua participação global representa 32% do orçamento operacional e cerca de 30% do orçamento para as operações de paz.

Por sua vez, o Japão, que deixa em 2019 sua posição de segundo contribuinte para a China, também se recusa a pagar um dólar a mais.

Já "a China quer pagar mais se for justo, mas não quer pagar pelos outros", indicaram diplomatas, acrescentando que Pequim pede, em troca, posições de responsabilidade.

As contribuições para o orçamento operacional da ONU baseiam-se, entre outros parâmetros, no Produto Nacional Bruto (PNB) dos Estados membros. Além disso, países que têm responsabilidades específicas, como os membros permanentes, por exemplo, pagam mais, enquanto outros podem se beneficiar de "reduções".

A Rússia, membro permanente, mas com economia fraca, paga apenas 3% do orçamento operacional e 4% do orçamento para as operações de paz; e o Brasil se beneficia de uma redução de 80%, enquanto outros países, bons estudantes, renunciaram parcialmente a sua "redução", segundo um diplomata que cita Romênia, Bulgária e Estônia.

Por iniciativa de Donald Trump, muito crítico da ONU, o governo dos Estados Unidos quer propor para os próximos três anos uma diminuição da contribuição para as operações de paz de 28% para 25%, sem modificar, no entanto, sua contribuição para o funcionamento da organização, que ficaria em 22%, segundo diplomatas.

Para compensar sua decisão, os Estados Unidos conversaram com vários países para convencê-los a aumentar suas contribuições, argumentando a melhora de alguns PIBs em países como Brasil, Índia, Turquia, México, Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Cingapura ou Brunei.

No momento, esses países estão relutantes, embora alguns estejam dispostos a oferecer alguns milhões para compensar a redução do orçamento americano, sem formalizar uma nova contribuição que possa afetá-los no futuro.

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