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Barragem da Vale se rompe e deixa 200 desaparecidos em Brumadinho

25/01/2019 20h19

Rio de Janeiro, 25 Jan 2019 (AFP) - Uma barragem de contenção de resíduos da mineradora Vale se rompeu nesta sexta-feira (25) na região de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais, deixando ao menos "200 desaparecidos", pouco mais de três anos depois do rompimento de outra barragem no mesmo estado provocar a pior tragédia ambiental do Brasil.

"Até o momento, o Corpo de Bombeiros Militar confirma o desaparecimento de aproximadamente 200 pessoas".

Mais cedo, um porta-voz dos bombeiros declarou que "segundo os relatos que estamos recebendo, há vários mortos". "Os rejeitos tomaram toda a região da empresa".

A Vale confirmou a informação de 200 desaparecidos. "Havia 300 funcionários trabalhando no local e cerca de 100 já foram localizados".

"Havia funcionários na área administrativa, que foi atingida por resíduos.

A mineradora acrescentou que "a prioridade total neste momento é preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade".

"Ainda não sabemos a magnitude dos danos pessoais e ambientais, mas seremos muito rigorosos", declarou à AFP o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que está a caminho de Belo Horizonte.

Segundo o ministério do Meio Ambiente, no início da tarde três represas se romperam na mina Córrego do Feijão, situada em um afluente do rio Paraopeba, na bacia do São Francisco".

Pouco depois, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, declarou em entrevista coletiva que "uma única barragem" se rompeu e outra "transbordou".

A companhia Vale reportou, em um comunicado, que o rompimento de uma barragem na Mina Feijão, em Brumadinho, ocorreu no começo da tarde e que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco, sem confirmar feridos no local.

Imagens aéreas divulgadas pelos bombeiros mostram impressionantes rios de lama avançando sobre grandes superfícies de vegetação, e vídeos exibem casas destruídas e carros revirados.

Pelo Twitter, o presidente Jair Bolsonaro lamentou o ocorrido e informou ter enviado ao local os ministros de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o secretário nacional de Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves.

"A represa se rompeu e destruiu tudo, não restou nada", diz uma testemunha, em um vídeo que circula nas redes sociais, mostrando uma zona devastada.

- Gabinete de crise -Bolsonaro anunciou a formação de um "gabinete de crise" com ministros e autoridades de Minas Gerais.

O presidente, que chegou ao Brasil pela manhã após participar do Fórum Econômico Mundial de Davos, informou que viajará nas primeiras horas do próximo domingo à Minas, para sobrevoar a região e avaliar "todas as medidas pertinentes e possíveis destinadas a paliar o sofrimento dos familiares e de possíveis vítimas".

Autoridades locais enviaram para o local cinco helicópteros para os trabalhos de resgate.

A Bolsa de São Paulo está fechada nesta sexta-feira devido ao feriado pelo aniversário da cidade, mas as ações da Vale em Nova York caíam 10% no meio da tarde.

O município de Brumadinho, com 39 mil habitantes, pediu pelas redes sociais que a população se afaste do rio Paraopeba, sobre o qual estava construída a barragem.

A localidade fica a 16 km do museu a céu aberto de Inhotim, que foi evacuado preventivamente, informaram as autoridades locais.

Em 2015, o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da companhia Samarco (controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP-Billiton) no município de Mariana, a 125 km de Brumarinho, deixou 19 mortos.

A enxurrada de lama chegou ao rio Doce e atravessou os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, onde chegou ao mar, com consequências desastrosas para a vida de milhares de habitantes.