CEO da Amazon acusa editora pró-Trump de 'chantagem'
Washington, 8 Fev 2019 (AFP) - O presidente e CEO da Amazon, Jeff Bezos, acusou na quinta-feira (8) a editora do tabloide "National Enquirer" de "chantagem", depois de ser ameaçado com a publicação de fotos íntimas enviadas por ele para sua amante.
A denúncia surge depois de o tabloide informar, no mês passado, que Bezos mantinha uma relação extraconjugal com Lauren Sanchez, uma ex-apresentadora de notícias e repórter de entretenimento.
O "National Enquirer" teve acesso a mensagens de texto privadas, expondo o caso de Bezos com Lauren. A história provocou seu divórcio com sua mulher, Mackenzie.
A editora anunciou nesta sexta-feira que "investigará a fundo" as acusações.
A American Media Inc (AMI) disse em comunicado enviado por e-mail que "acredita fervorosamente que agiu legalmente na informação sobre a história de Bezos" e que realizou "negociações de boa-fé" com o bilionário americano.
Embora "à luz da natureza das denúncias publicadas por Bezos, a Junta se reuniu e determinou que deveria investigar as reclamações de forma imediata e exaustiva", acrescentou a empresa.
Em um post na plataforma de blogs Medium, Bezos disse que a editora do "Enquirer", a American Media Inc (AMI), liderada por David Pecker, ameaçou publicar as fotografias, caso não parasse a investigação sobre os motivos por trás desse vazamento.
Segundo Bezos, a editora exigiu que ele e seu consultor de segurança, Gavin de Becker, que lidera a investigação, dissessem publicamente que "não tinham conhecimento, ou bases, para sugerir que a cobertura da AMI estava motivada politicamente, ou influenciada por forças políticas".
Recentemente, De Becker mencionou em uma entrevista ao site Daily Beast que "fortes indícios apontam para motivações políticas" e que analisa o perfil do irmão de Lauren Sanchez, Michael, que apoia abertamente o presidente americano, Donald Trump, e tem laços com seu círculo de colaboradores, como possível responsável.
Em seu post no Medium, Bezos evocou a cooperação prévia da AMI e de Pecker com Trump, incluindo pagamentos para omitir histórias negativas a respeito do presidente, as quais estão sendo atualmente investigadas por procuradores federais.
Homem mais rico do mundo, Bezos também é dono do jornal "The Washington Post", alvo permanente de Trump.
O presidente costuma usá-lo como exemplo quando ataca a imprensa e acusa os veículos de comunicação de serem "inimigos do povo" e geradores de "fake news".
Ele também mencionou os laços da AMI com a Arábia Saudita. O príncipe herdeiro Mohamed bin Salman é apontado como suspeito por ordenar o assassinato do colunista do "Post" Jamal Khashoggi. Trump se negou a criticar o príncipe herdeiro.
O "Post" foi um dos principais jornais americanos que mais espaço deram à cobertura do homicídio.
No mês passado, Trump ironizou Bezos, chamando-os de Jeff "Bozo", no que pareceu ser uma alusão à história do "Enquirer".
"Lamento muito ouvir a notícia de que Jeff Bozo foi derrubado por um concorrente, cuja informação, pelo que entendi, é muito mais precisa do que as do seu jornal lobista, o Amazon Washington Post. Tomara que o jornal (em referência ao 'Post') acabe logo em mãos melhores & mais responsáveis", tuitou.
Ainda no Medium, Bezos também comentou sobre o "Post".
"A propriedade do 'Washington Post' é um fator de complexidade para mim. É inevitável que certas pessoas poderosas que sofrem com a cobertura de notícias do 'Washington Post' concluam equivocadamente que sou seu inimigo", escreveu Bezos.
"O presidente Trump é uma dessas pessoas, obviamente por seus muitos tuítes. Além disso, a cobertura essencial e implacável de 'The Post' sobre o assassinato de seu colunista Jamal Khashoggi é sem dúvida impopular em certos círculos", completou.
"Mais do que capitular diante da extorsão e da chantagem, decidi publicar exatamente o que me enviaram, apesar do custo pessoal", escreveu Bezos no Medium, sob o título "Não, obrigado, Sr. Pecker".
No artigo, incluiu cópias dos e-mails enviados pela AMI.
"Não quero, é claro, que publiquem fotos pessoais, mas tampouco serei parte de suas bem conhecidas práticas de chantagem, favores políticos, ataques políticos e corrupção. Prefiro enfrentar isso, deixar isso circular e ver o que acontece", acrescentou.
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