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Fraco crescimento do PIB em 2018 lança pressão sobre Bolsonaro

28/02/2019 13h13

Rio de Janeiro, 28 Fev 2019 (AFP) - A economia brasileira registrou em 2018 um crescimento de 1,1%, idêntico ao de 2017, resultado modesto que amplia a pressão do mercado por uma rápida aprovação das reformas e privatizações com as quais o presidente Jair Bolsonaro pretende dinamizar a economia nacional.

As previsões do mercado apontavam um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,2%. O ano passado havia começado com expectativas de um crescimento de cerca de 3%, mas uma greve de caminhoneiros que no final de maio paralisou o país e as incertezas de um eleitoral as reduziram.

No quarto trimestre, o PIB da maior economia da América Latina cresceu 0,1% em relação ao trimestre anterior e 1,1% em relação ao mesmo período de 2017, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados nesta quinta.

"Na margem, trimestre contra trimestre, foi um resultado fraco, inferior ao observado [durante o ano], talvez por alguns condicionantes importantes, entre eles a questão da eleição (...) e o próprio cenário pós-eleitoral", avalia Jason Vieira, da consultoria Infinity Assets.

O PIB da maior economia da América Latina somou R$ 6,8 trilhões. Já o PIB per capita melhorou 0,3%, chegando a R$ 32.747.

- 'Eventos disruptivos' -A agricultura, que teve uma espetacular recuperação de 12,5% em 2017, se contentou em 2018 com um modesto aumento de 0,5%.

A indústria, que havia contraído 0,5% em 2017, teve uma melhora, com aumento de 0,6%, e os serviços cresceram 1,3% (+ 0,5% em 2017).

Houve também melhora no consumo das famílias, com aumento de 1,9% (1,4% em 2017).

O dado mais animador para 2018 foi, sem dúvida, devido a um aumento de 4,1% nos investimentos em bens de capital, que em 2017 caíram 2,5%.

Mas mesmo nesse sentido, o último trimestre assinalou queda (também de 2,5%) em relação ao trimestre anterior e aumento de 3% em relação ao mesmo período de 2017.

"Tivemos eventos diruptivos (em 2018), a própria eleição, a guerra comercial china-EUA (...) afetam a confiança do consumidor", explica Vieira.

As compras governamentais, em um contexto de ajustes fiscais, tiveram um crescimento nulo em 2018. No período outubro-dezembro, elas retraíram 6,6% em relação ao trimestre anterior e 0,7% em termos anuais.

Os primeiros dados econômicos de 2019 acusam esses impactos. A taxa de desemprego aumentou novamente no período de novembro de 2018 a janeiro de 2019, a 12% (contra 11,6% em outubro-dezembro), voltando a subir após uma pausa desde agosto do ano passado. Atualmente, 12,7 milhões de brasileiros procuram trabalho, meio milhão a mais do que no final de 2018.

- Os desafios de Bolsonaro e Guedes -Os mercados apostaram na vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, com a expectativa de que os ajustes e privatizações prometidos por seu ministro da Economia, Paulo Guedes, fortaleçam a decolagem da economia após dois anos de recessão (-3,5% em 2015 e -3,3% em 2016, segundo dados corrigidos).

Mas essas reformas devem passar pela aprovação do Congresso e devem levar algum tempo para entrar em vigor, segundo analistas, que também veem com certa preocupação as crises e polêmicas nas quais o governo mergulhou nos dois primeiros meses de mandato.

Esses fatores contribuíram para reduzir as projeções de crescimento para este ano, de 2,64% em dezembro para 2,48% na última pesquisa Focus de expectativas de mercado do Banco Central.

"A pressão (para aprovar a Reforma da Previdência) volta ao governo e aos parlamentares", opina Vieira. Apesar dos prazos, "se houvesse uma sinalização que o processo está em andamento, teria um efeito de confiança", acredita.

Haverá também mais pressão para que o Banco Central reduza sua taxa de referência, atualmente em seu mínimo histórico de 6,5%, mas o economista alerta que caso as reformas fiquem estagnadas, isso gerará pressões inflacionárias.

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