Crescimento resiste no primeiro trimestre na China
Pequim, 17 Abr 2019 (AFP) - O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na China se estabilizou em 6,4% no primeiro trimestre de 2019, apesar da demanda mundial em baixa e da guerra comercial com os Estados Unidos.
O número foi anunciado nesta quarta-feira pelo Departamento Nacional de Estatísticas (BNS), juntamente com outros indicadores bastante otimistas sobre a saúde da segunda maior economia do mundo.
"A economia nacional mostrou um desempenho estável, com mais fatores positivos, que encorajaram uma confiança reforçada no mercado", declarou Mao Shengyong, porta-voz do SNB.
Em 2018, o crescimento desacelerou trimestre a trimestre (6,8%, 6,7%, 6,5%, 6,4%), em um contexto de esforços das autoridades para reduzir a dívida e as tensões comerciais com a administração do presidente americano Donald Trump.
Mas, no primeiro trimestre de 2019, o PIB resistiu e até cresceu mais que a previsão média de 12 analistas consultados pela AFP, que esperavam 6,3%.
"Levando em conta a desaceleração do crescimento econômico mundial e do comércio internacional, as crescentes incertezas internacionais e os importantes problemas estruturais internos (...) a pressão descendente da economia persiste", disse Mao Shengyong, no entanto.
Para apoiar a economia real, o governo chinês se comprometeu em março a reduzir a pressão fiscal e as contribuições sociais para as empresas em quase dois trilhões de iuanes (265 bilhões de euros).
Ao mesmo tempo, o governo chinês está tentando dar apoio às empresas que precisam de crédito, mas sem aumentar muito a dívida global do país, que já é de 155% do PIB, segundo a OCDE.
É por isso que as autoridades encorajam os bancos chineses a aumentar seus empréstimos para pequenas e médias empresas, até então esquecidas em detrimento de grandes grupos estatais, em muitos casos não lucrativos.
"Com o aumento dos empréstimos acelerando e o momento do mercado melhorando, a economia chinesa vai crescer novamente quando atingir seu ponto mais baixo, o que pode ser o caso", afirma Julian Evans-Pritchard, economista da consultoria Economia de Capital.
- Desemprego em baixa -A China anunciou uma meta de crescimento entre 6% e 6,5% este ano, após os 6,6% registrados em 2018, seu menor nível em 28 anos.
Apesar desse objetivo mais modesto, a taxa de desemprego urbano, fator crucial para a manutenção da estabilidade social, caiu ligeiramente de fevereiro para março, de 5,3% para 5,2%.
A China tenta continuar com a estabilização de sua economia, em detrimento de sua indústria pesada e favorecendo o consumo interno.
Nesse sentido, as vendas no varejo permaneceram estáveis no primeiro trimestre (+ 8,2%), anunciou o SNB.
Um bom número, tendo em conta que no mesmo período as exportações caíram, um sinal da fraqueza da demanda global.
Outro fator positivo é o aumento dos investimentos em capital fixo - 6,3% no primeiro trimestre -, um pouco mais do que entre janeiro e fevereiro (6,1%).
Já a produção industrial registrou crescimento mais forte, 6,5% no primeiro trimestre, 1,2 ponto a mais do que em relação a janeiro-fevereiro.
Com uma economia que parece estar se estabilizando, analistas alertam que o governo chinês poderá parar de adotar medidas de estímulo.
"O Banco Central parece estar mais cauteloso", diz Raymond Yeung, do banco ANZ.
"Acreditamos que vão reavaliar a necessidade de medidas suplementares de estímulo", acrescentou.
Paralelamente, a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que durante um ano afetou a economia chinesa, parece próxima de uma solução após nove reuniões de alto nível entre negociadores de ambas as potências.
No entanto, ainda não há data para a assinatura de um acordo entre o presidente chinês, Xi Jinping, e seu colega Donald Trump.
Os dois países impõem tarifas sobre produtos no valor de US$ 360 bilhões por ano.
lld-ehl/bar/evs/spi/pc/zm/cn/tt
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