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Opep e aliados aprovam acordo de cooperação permanente

02/07/2019 12h13

Viena, 2 Jul 2019 (AFP) - Liderados pela Rússia, a Opep e seus parceiros aprovaram nesta terça-feira (2), em Viena, um acordo para consolidar sua aliança por meio de uma carta de "cooperação permanente", crucial para enfrentar a explosão da oferta americana.

Os 14 membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus dez países parceiros aprovaram por unanimidade o texto, descrito como "histórico" pela Arábia Saudita.

A medida foi aprovada durante uma reunião na capital austríaca, onde a Opep tem sua sede.

Sua aliança, até agora informal, remonta ao final de 2016. Naquele momento, devido à queda dos preços do petróleo, os membros da Opep se aliaram a outros dez países produtores de petróleo, incluindo a Rússia, México e Cazaquistão, para limitar sua produção.

Agrupados sob a sigla Opep+, os 24 países selaram esta aliança por meio de um documento de "cooperação permanente". Os detalhes do texto ainda não foram divulgados. Este grupo é responsável pela produção de metade do petróleo mundial.

Como previsto, esses países também estenderam por nove meses o acordo alcançado em dezembro para diminuir sua oferta acumulada de 1,2 milhão de barris por dia (mbd) para estimular os preços do petróleo.

Esta extensão, até março de 2020, acontece em um momento em que os preços continuam sob pressão de uma oferta abundante alimentada pelo auge do xisto americano e de um consumo mundial em queda.

Neste contexto, este acordo de cooperação cria de fato uma espécie de Opep expandida, que consolida seu bloco contra os Estados Unidos, o maior produtor mundial de petróleo.

Esta carta estabelece "uma plataforma que nos dá a possibilidade de reuniões regulares para monitorar o mercado, mas também para reagir se necessário", coordenando mais de perto a produção dos Estados-membros, declarou o ministro russo da Energia, Alexander Novak.

É "uma base sólida para um futuro de cooperação a longo prazo", estimou.

Uma evolução indispensável para impedir a marginalização do cartel, segundo o ministro saudita da Energia, Khaled al-Falih.

"A volatilidade dos preços não desaparecerá tão cedo" e, para intervir de forma eficaz sobre a oferta, "era necessário um quadro institucional (...) integrando a influência de outros países produtores, e não apenas membros da Opep", argumentou.

"A Opep sozinha é menos de 30% da produção mundial. A influência da Rússia, um grande exportador, é bem-vinda", disse Al-Falih na segunda-feira.

A Rússia é o segundo maior produtor de petróleo do mundo, atrás dos Estados Unidos e à frente da Arábia Saudita.

O acordo também estará aberto a outros países produtores, insistiu o ministro saudita.

Esta parceria reflete a crescente influência da Rússia na política do cartel, apesar da oposição do Irã. Teerã é contra uma cooperação permanente, embora tenha finalmente aceitado o acordo.

"Algumas modificações foram feitas (...) Insistimos no fato de que esta carta não terá impacto sobre a Opep e sobre sua tomada de decisão", justificou o ministro iraniano do Petróleo, Bijan Namdar Zanganeh.

Na segunda-feira, o ministro denunciou o caráter unilateral do acordo entre Moscou e Riad e previu que a Opep, como tal, poderia "morrer".

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