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O popular aplicativo FaceApp é questionado nos EUA

18/07/2019 15h45

Nova York, 18 Jul 2019 (AFP) - O popular aplicativo FaceApp, criado na Rússia e que permite aos usuários visualizar como ficariam mais jovens ou mais velhos, é motivo de polêmica nos Estados Unidos, onde um senador pediu ao FBI que investigue seus riscos potenciais à "segurança nacional e à privacidade".

Muito popular entre celebridades e usuários em geral de redes sociais, o aplicativo usa a inteligência artificial para modificar fotos dos internautas, adicionando rugas ou eliminando anos de seus rostos. O cantor Drake, a rapper Cardi B e o campeão da NBA Stephen Curry já o usaram e compartilharam imagens que passaram pelo filtro do envelhecimento.

Mas o senador Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, pediu na quarta-feira ao FBI e ao FTC, organismo de proteção do consumidor nos Estados Unidos, que "investigue os riscos para a segurança nacional e a privacidade" das pessoas com relação ao FaceApp.

Além dos famosos, o aplicativo tem sido usado por milhões de pessoas comuns e atualmente é o app gratuito mais baixado no Google Play, com mais de 100 milhões de downloads.

"A localização do FaceApp na Rússia traz questionamentos sobre como e quando a companhia pode fornecer dados de cidadãos americanos a terceiros, incluindo potencialmente a governos estrangeiros", indicou o senador por Nova York em sua carta ao FBI.

"Seria profundamente preocupante se informação pessoal sensível de cidadãos americanos fosse entregue a algum poder estrangeiro ativamente envolvido em hostilidades cibernéticas contra os Estados Unidos", acrescentou.

O FaceApp foi lançado há dois anos, mas viralizou recentemente depois que as fotos de celebridades retocadas com seu filtro de envelhecimento inundaram as redes sociais.

Sua empresa desenvolvedora, a Wireless Lab, foi fundada em São Petersburgo (noroeste da Rússia) e atualmente fica no polo tecnológico de Skolkovo (perto de Moscou), o que gerou preocupação também entre outros membros do Partido Democrata nos Estados Unidos.

O jornal The Washington Post reportou que o Comitê Nacional Democrata chamou os candidatos em campanha para as primárias presidenciais para a eleição de 2020 a "apagar o aplicativo imediatamente".

O partido é especialmente sensível a qualquer possibilidade de vigilância ou espionagem relacionada a Moscou depois que alguns democratas foram alvo de ataques de hackers russos durante a campanha presidencial de 2016.

O medo de ciberespionagem floresceu nos últimos anos com os temores das autoridades de que os governos estrangeiros tenham acesso e possam potencialmente usar de forma inapropriada informação pessoal de milhões de americanos.

Em maio, uma companhia chinesa de jogos para celulares que comprou o popular aplicativo de relacionamentos gay Grindr informou que o venderia em junho de 2020 após pressões das autoridades americanas.

Segundo informes, as autoridades temiam que americanos pudessem ser vítimas de chantagens se o governo chinês exigisse os dados de seus usuários à empresa Kunlun Tech, com sede em Pequim.

- Controverso -Os responsáveis pelo FaceApp não responderam à carta de Schumer.

Mas o diretor-executivo da empresa russa, Yaroslav Goncharov, assegurou ao The Washington Post que as autoridades deste país não têm acesso aos dados de seus usuários.

Também afirmou que as fotos não são usadas com nenhuma outra finalidade e que a maioria delas é apagada de seus servidores 48 horas depois de publicadas pelos usuários.

Nem Goncharov, nem a Wireless Lab puderam ser imediatamente contatados pela AFP para fazer comentários.

Esta não é a primeira controvérsia envolvendo o FaceApp. Pouco após seu lançamento, um filtro "hot" (sexy), que automaticamente clareava o rosto dos usuários, gerou acusações de racismo.

Além disso, os desenvolvedores do aplicativo tiveram que remover no mesmo ano uma ferramenta que permitia aos usuários mudar sua origem racial.

Na semana passada, Goncharov comentou o sucesso viral do aplicativo em uma incomum publicação no Facebook: "Conquistar Instagram e WhatsApp mais uma vez? Uma coisinha, mas faz a gente se sentir bem", escreveu.