No centro de escândalo de corrupção, Odebrecht demite seu ex-presidente
Brasília, 21 dez 2019 (AFP) - A empreiteira Odebrecht demitiu seu ex-presidente Marcelo Odebrecht, em prisão domiciliar, em meio a uma disputa interna e às incertezas quanto ao futuro daquela que já foi uma das maiores construtoras da América Latina, destronada pela Operação Lava Jato.
Em um comunicado, a companhia afirma que a desvinculação de Marcelo "atendeu a uma recomendação feita pelos monitores externos independentes do Ministério Público Federal e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos que atuam na empresa há dois anos e meio".
Marcelo Odebrecht, de 51 anos, filho do patriarca da empresa, Emilio Odebrecht, foi afastado de suas funções executivas após sua detenção em 2015, mas continua ligado à companhia.
Segundo o comunicado, que não detalha as razões da decisão, o ex-presidente "mantém sua condição de sócio minoritário indireto", o que significa que sua relação com o grupo se dará "de agora em diante no âmbito dos acionistas".
Marcelo Odebrecht foi condenado em 2016 a mais de 19 anos de prisão, após a Operação Lava Jato, que a partir de 2014 revelou uma gigantesca rede de subornos pagos a políticos por grandes construtoras para obter contratos na Petrobras.
A sentença foi reduzida para dez anos, depois que ele aceitou colaborar com a Justiça e, em 2017, passou a cumprir prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica. Desde setembro, tem autorização para sair de casa para trabalhar.
Em um comunicado enviado à AFP, a defesa de Marcelo Odebrecht denuncia que sua demissão é "outro ato de abuso de poder" do atual presidente do grupo, Ruy Sampaio, em uma tentativa de "paralisar as investigações" sobre denúncias feitas contra ele pelo próprio Marcelo.
Em uma entrevista publicada na sexta-feira pelo jornal "Valor Econômico", Ruy Sampaio acusou Marcelo Odebrecht de chantagear a empresa "por dinheiro e poder".
jm/gma/tt
Braskem
PETROBRAS - PETROLEO BRASILEIRO
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