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Alstom inicia discussões para compra da Bombardier Transport

17/02/2020 11h02

Paris, 17 Fev 2020 (AFP) - Após o fracasso de sua fusão com as atividades ferroviárias do conglomerado alemão Siemens, a francesa Alstom considera um casamento semelhante com a Bombardier canadense, para formar um grande grupo para enfrentar a ameaça chinesa.

"A Alstom confirma que estão em andamento discussões sobre uma possível aquisição da Bombardier Transport pela Alstom", disse o grupo francês em um comunicado de imprensa divulgado nesta segunda-feira (17), encerrando vários dias de rumores.

"As discussões estão em andamento. Nenhuma decisão final foi tomada", afirmou a Alstom.

A Bombardier Transport, uma entidade com sede em Berlim, pode custar até 7 bilhões de euros, segundo informações da imprensa.

O grupo Bombardier possui 67,5% de suas ações, enquanto 32,5% pertencem à Caisse de Dépôt et Placement du Québec.

Em 2019, a Bombardier Tranport registrou um faturamento de 8,3 bilhões de dólares americanos (7,7 bilhões de euros), encerrando o ano com uma carteira de pedidos de 35,8 bilhões de dólares (33 bilhões de euros). A atividade emprega cerca de 36.000 pessoas, de acordo com o site do grupo.

Em Crespin (norte), a Bombardier possui a maior usina ferroviária da França, com 2.000 funcionários, operando também muitas instalações menores. Gerou 813 milhões de euros em faturamento na França em 2019.

Já a Alstom concluiu seu último ano fiscal de 2018-19 (encerrado no final de março) com um faturamento total de 8,1 bilhões de euros e uma carteira de pedidos recorde de 43 bilhões de euros em 31 de dezembro de 2019. A fabricante do TGV emprega 36.300 pessoas, incluindo 9.500 na França.

- Ameaça chinesa -Um casamento Alstom-Bombardier deve permitir a criação de um grupo poderoso o suficiente para enfrentar a CRRC chinesa, cujo faturamento atingiu o equivalente a 28 bilhões de euros em 2018.

A CRRC realiza mais de 90% de suas vendas na China, mas está progredindo no restante do mundo e acaba de instalar veículos leves sob trilhos no Porto, em Portugal.

A ameaça chinesa e a necessidade de avançar nas tecnologias digitais já haviam sido mencionadas para justificar a aquisição da Alstom pela Siemens, bloqueada em fevereiro de 2019 pela Comissão Europeia. À época, apontou-se para uma posição excessivamente dominante na Europa.

Resta ver como Bruxelas reagirá se Alstom e Bombardier fecharem negócio.

O chefe da Alstom, Henri Poupart-Lafarge, mencionou "investimentos internos e parcerias externas", após o fracasso da fusão com a Siemens - sem esquecer a possibilidade de "aquisições".

Reorientada desde novembro de 2015 para o transporte ferroviário após a venda de seu ramo de energia para a American General Electric (GE), o grupo francês desfruta de uma situação financeira saudável, livre de dívidas e com fluxo de caixa positivo.

A Bombardier, pelo contrário, está fortemente endividada, no valor de US$ 9,3 bilhões no final de 2019, e iniciou uma grande reestruturação em 2015.

Em 2019, a canadense vendeu para a japonesa Mitsubishi Heavy Industries seu programa de aeronaves regionais CRJ, aeronaves de 75 a 100 assentos.

No ano anterior, cedeu o controle à Airbus de sua aeronave CSeries, agora A220.

E, em 13 de fevereiro, revelou que estava vendendo para a Airbus e para o governo de Québec sua participação residual de 33,58% no programa.

Também anunciou a venda para a fabricante americana de equipamentos Spirit Aerosystems de suas atividades aeronáuticas na Irlanda do Norte, no Marrocos e em Dallas.

Tudo o que sobrou para a Bombardier no setor aeronáutico é sua divisão mais lucrativa, a de aeronaves executivas (Learjet, Challenger, Global).

liu-mra/tq/nth/mr/tt

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