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Martín Guzmán, o discípulo de Stiglitz que conseguiu reestruturar a dívida argentina

31/08/2020 19h52

Buenos Aires, 31 Ago 2020 (AFP) - O ministro Martín Guzmán, discípulo do ganhador do Nobel Joseph Stiglitz, que conseguiu realizar o swap dos títulos da Argentina por 66 bilhões de dólares, é um especialista em crise da dívida soberana, perfil que caiu como uma luva à economia de seu país.

Aos 37 anos e após várias idas e vindas, conseguiu apoio para a reestruturação no limite do prazo previsto, buscando evitar que a combalida economia argentina continuasse a sangrar, em recessão e atingida pela pandemia de covid-19.

Pode-se dizer que Guzmán preparou toda a sua vida para essa tarefa. Ele estudou Economia na Universidade pública de La Plata. Após obter seu bacharelado em Economia em 2005, foi para os Estados Unidos para continuar seus estudos de pós-graduação na Brown University. Lá, concluiu o doutorado com uma tese sobre as causas e efeitos das crises financeiras.

Pouco antes de terminar sua tese, sua carreira virou de cabeça para baixo quando a International Society for Economics o convidou para comentar publicamente uma pesquisa de Joseph Stiglitz.

Esse trabalho o aproximou do Prêmio Nobel de Economia, que o chamou para se juntar à sua equipe na prestigiada Columbia University School of Business, onde trabalhou como pesquisador e se especializou em modelos de reestruturação de dívidas soberanas.

Seu nome disparou no meio acadêmico. Afinal, quem melhor do que um economista argentino para recriar modelos de crises econômicas?

- "Um cara bom" -"Martín sempre se destacou como um aluno brilhante", conta o ex-reitor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de La Plata, Martín López Armengol.

"Mas além de suas qualidades técnicas, consideradas por todos, ele é um cara muito bom", acrescenta.

Com um tom sereno e tranquilo, Guzmán é solteiro, discreto e se expressa sem alarde.

Excelente tenista, aprendeu a jogar com o pai, professor de tênis do clube Gimnasia y Esgrima La Plata. Ali, 'Tincho', como os amigos de infância o chamam, passou a brilhar nos torneios estudantis.

Como todos os argentinos, também é apaixonado pelo futebol e torcedor do Gimnasia y Esgrima La Plata, dirigido por Diego Maradona.

"Tenho um grande duelo com Guzmán, que é um jogador de futebol extraordinário", disse o presidente Alberto Fernández, referindo-se aos jogos que disputou na residência de Olivos antes que o coronavírus mudasse tudo.

"Até aqui venho ganhando o duelo", disse o presidente, que sempre joga como goleiro.

Meses antes de assumir o cargo de ministro de Fernández, Guzmán fez parte da delegação chefiada por Stiglitz na audiência com o Papa Francisco no Vaticano, onde discutiram a ideia de promover uma economia social de mercado.

"A Argentina será o próximo grande teste para o atual (não) sistema de resolução de crises da dívida soberana. Será o sistema funcional desta vez para resolver a crise em tempo hábil?", questionou no Twitter antes de ser convocado por Fernández. É hora de descobrir.

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