Milhares de mulheres participam ativamente de protesto agrícola na Índia
Kundli, India, 6 Jan 2021 (AFP) - Milhares de mulheres participam ativamente das manifestações dos agricultores que protestam contra as reformas agrícolas do governo de Narendra Modi, uma nova presença na Índia, onde a agricultura é geralmente vista como um assunto dos homens.
Mulheres de todas as idades, profissões e origens - pastoras, agricultoras, mulheres urbanas, idosas de cadeiras de rodas - desafiam as temperaturas frias do inverno ao lado dos agricultores para forçar o governo a revogar a reforma do mercado agrícola.
Os agricultores estão exigindo que o primeiro-ministro Narendra Modi recue nas medidas que abrem para os grupos privados um mercado até então controlado pelo Estado, ao que garantia aos agricultores uma renda mínima.
"Luto pelos meus filhos e por meus netos", explica Parminder Kaur, de 40 anos, que grita palavras de ordem durante o dia nas manifestações e, à noite, participa da preparação de chapatis e curry para alimentar as dezenas de milhares de manifestantes.
Embora passem despercebidas, as mulheres que trabalham na terra na Índia são muito numerosas.
De acordo com números da ONG Oxfam, 85% das mulheres nas zonas rurais desenvolvem atividades agrícolas, mas apenas 13% delas são proprietárias da terra em que trabalham.
Além disso, vários estudos mostram que, no mundo rural, as mulheres são as mais afetadas pela pobreza, pela discriminação e pela violência doméstica.
Embora não sejam donas da terra, as mulheres temem perder renda como resultado das reformas, explica Ranjana Kumari, que dirige o Centro de Estudos Sociais, uma ONG com sede em Nova Délhi.
"Quando a renda familiar diminui, a saúde e o bem-estar das mulheres são os mais afetados. Uma diminuição da renda também significa mais tensão e violência por parte dos homens", acrescenta.
"Sinto que chegou a hora de nos colocarmos na linha de frente e liderar o desafio contra este governo arrogante", afirma Rana Bhatti, originária de uma família de agricultores do estado de Haryana, no norte do país.
Ranjana Kumari comenta que as mulheres estão mais a par do que nunca dos assuntos políticos, uma tendência que o partido Bharatiya Janata de Modi soube aproveitar em suas duas vitórias eleitorais.
A causa dos agricultores também acolhe um contingente de mulheres urbanas, como a artista e cineasta Jassi Sangha, de 33 anos, que participou das manifestações desde o início. Ela contribui com a publicação de um jornal bimestral para agricultores e organiza a educação das crianças do acampamento.
"Larguei meu trabalho e vim para cá. Temos que lutar, ou é o fim", resume Jassi Sangha.
abh/tw/reb/lth/ces/mab/zm/tt
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