Inflação preocupa EUA, mas Fed deve manter suas posições
Os temores de um retorno da inflação continuam sendo elevados nos Estados Unidos e todos os olhares agora se voltam para o Fed, apesar de o banco central americano ter repetido que não estão dadas as condições para uma mudança de suas políticas.
Não se espera, no entanto, que na reunião do Comitê Monetário do Fed, na terça e na quarta-feira, decida-se alterar as taxas de juros.
"Estou certo de que o Fed continuará determinado a manter as taxas como estão", avaliou em comentários à AFP Robert Frick, economista da Navy Federal Credit Union. "Acho que não acontecerá absolutamente nada", acrescentou.
As autoridades do Fed continuam insistindo que será preciso mais do que um leve aumento dos preços durante alguns meses para que endureçam sua política monetária e observam que se o fizerem, poderão pôr em risco a recuperação econômica.
Portanto, até que chegue o pleno emprego e a inflação supere os 2% "por um tempo", as taxas não deveriam descolar de 0 a 0,25%, níveis entre os quais têm oscilado há um ano.
Quanto às compras de ativos, que permitem o bom funcionamento dos mercados ao injetar-lhes liquidez, tampouco deveriam diminuir.
"Um risco de inflação administrável"
A economia ainda precisa de apoio para sair da crise em que a covid-19 a colocou.
E o Fed, assim como o governo de Joe Biden, considera preferível liberar uma ajuda generosa, apesar do aumento previsível de certos preços, ao não injetar dinheiro suficiente e correr o risco de deixar uma cicatriz duradoura no mercado de trabalho.
"Acho que há um pequeno perigo (de inflação). E acho que é administrável", assegurou no domingo a secretária do Tesouro, Janet Yellen, ao canal ABC, antecipando "um movimento temporário".
Tudo deverá voltar à normalidade depois de alguns meses, acrescentou.
Se os preços subirem demais, "temos as ferramentas para lidar com isso", considerou.
Os funcionários do Fed também atualizarão seus prognósticos para os próximos anos, destacando qual evolução do PIB e da taxa de desemprego preveem, e também qual taxa de inflação.
Os temores inflacionários são alimentados pelo auge econômico esperado na primavera no hemisfério norte, graças à campanha de vacinação em massa e ao plano emergencial de 1,9 trilhão de dólares, promulgado na quinta-feira por Joe Biden.
Isto deve fazer subir os preços, sobretudo porque a comparação se fará com março e abril de 2020, quando ante as primeiras medidas de confinamento em massa no país, os preços caíram.
"Os mercados que se danem"
Esta especulação impulsionou os rendimentos do bônus do Tesouro nas últimas semanas, que na sexta-feira alcançaram um máximo desde fevereiro de 2020.
Alguns esperavam uma ação do Fed para deter esta máquina infernal, inclusive um aumento das taxas mais rápido do que o previsto, mas a instituição destacou que não agirá.
"Acho que a esta altura raciocinam dizendo, 'e, bom, os mercados que se danem'", destacou Robert Frick, da Navy Federal Credit Union.
Portanto, não se esperam surpresas do Fed, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) anunciou na quinta-feira um aumento surpreendente das compras da dívida.
Aos olhos do BCE, manter condições financeiras que apoiem a recuperação é mais importante do que tomar medidas diante da pequena elevação da inflação esperada.
As autoridades do poderoso Federal Reserve "continuarão fazendo tudo o possível para continuar sem dizer nada", disse Danielle DiMartino Booth, diretora-geral e economista-chefe da Quill Intelligence.
No entanto, os observadores estarão atentos ao mínimo sinal que possa vir do Fed, que pesará cada palavra no comunicado que divulgará na quarta-feira depois da reunião.
A coesão de seus integrantes também será um ponto a se prestar atenção.
Se um deles expressar uma postura dissidente, "isso não significará que a política do organismo vá mudar, mas que haverá uma fissura no consenso, que aumentará nos próximos meses", afirmou Robert Frick.
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