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AIE alerta que demanda global por petróleo vai disparar se nenhuma ação for tomada

17/03/2021 16h05

Paris, 17 Mar 2021 (AFP) - A demanda global por petróleo levará dois anos para recuperar seu nível anterior à pandemia do coronavírus, mas depois vai superá-lo com folga, a menos que medidas sejam tomadas em prol da proteção do clima, avalia a Agência Internacional de Energia (AIE) em um relatório divulgado nesta quarta-feira (17).

"Nosso cenário, com base nas políticas atuais", disse Fatih Birol, diretor da AIE, é que "enquanto os governos não derem passos ousados para conter a demanda, não veremos um 'teto'".

No entanto, "medidas mais fortes e mudanças de comportamento podem fazer com que isso aconteça", destaca a AIE em seu relatório 'Petróleo 2021', cujas projeções vão até 2026.

No contexto atual, a demanda aumentará, atingindo 104 milhões de barris por dia (mbd) até 2026, ou seja, 4% a mais do que em 2019.

A Ásia será responsável por 90% desse aumento. Enquanto isso, é improvável que o consumo nos 37 países desenvolvidos que compõem a OCDE retorne aos níveis anteriores a 2020, de acordo com a AIE.

- Demanda de gasolina no teto -A indústria petroquímica continuará estimulando o apetite pelo ouro negro. Em contraste, a demanda por gasolina pode ter atingido seu teto devido ao aumento da eficiência e à transição para veículos elétricos, o que compensará o crescimento do transporte nos países em desenvolvimento.

O consumo de combustível aeronáutico, o mais afetado no ano passado, voltaria gradativamente ao nível pré-covid-19.

Mas uma menor demanda nos transportes pode ser permanente devido à generalização das videoconferências, às restrições orçamentárias das empresas e à relutância dos viajantes, enfatiza o relatório.

"A crise da covid-19 causou um declínio histórico na demanda global de petróleo, embora não necessariamente duradouro", resume Birol.

"Fazer uma transição organizada, longe do petróleo, é absolutamente essencial para atingir as metas climáticas, mas isso requer mudanças muito importantes na política e no comportamento. Sem isso, a demanda global por petróleo aumentará ano após ano a partir de agora até 2026", acrescenta.

"Medidas significativas, tomadas de imediato", consistiriam em "melhorar os padrões de eficiência energética, apoiando as vendas de veículos elétricos (apenas 3% do total hoje), reduzindo o uso de petróleo no setor elétrico, eliminando subsídios" a esta fonte de energia.

Essas ações, aliadas a mais teletrabalho, maior reciclagem, menos plásticos descartáveis e menos viagens profissionais, podem reduzir a demanda em 5,6 mbd até 2026, "o que significa que nunca mais voltaria aos níveis pré-pandêmicos", destaca a AIE.

"O comportamento individual pode ter um impacto importante", explica Toril Bosoni, diretor de mercados de petróleo do IEA: por exemplo, a generalização do teletrabalho para dois ou três dias da semana em vez de um, e isso apenas em países desenvolvidos, equivaleria a 2 mbd menos.

- Dilema -Essas incertezas, em todo caso, colocam os produtores em um grande dilema: devemos investir sob o risco de criar capacidade excedente amanhã? Os investimentos, reduzidos em um terço ao longo de 2020 em relação às previsões do início do ano, dificilmente renderão em 2021. Mas, depois?

A diferença entre a demanda crescente e o fraco investimento poderia gerar alguma volatilidade no mercado, que os "estoques" acumulados em 2020 poderiam regular imediatamente.

O Oriente Médio, especialmente a Arábia Saudita, absorveria a maior parte do crescimento da demanda futura, de acordo com a AIE. Uma mudança em relação aos últimos anos, marcados pelo auge da produção dos Estados Unidos.

Para o setor, é hora de repensar seu espaço, sublinha a agência: cada uma das operadoras pode ter um papel na transição energética, reduzindo suas emissões, mas também com o desenvolvimento da energia eólica no mar e das técnicas de captura de carbono.

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