Ciberataques são o principal risco para a economia dos EUA, segundo Fed
Washington, 12 Abr 2021 (AFP) - O presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, disse que está mais preocupado com o risco de um ciberataque em grande escala do que com outra crise financeira como a de 2008.
Os riscos de uma crise semelhante à de 2008 com a necessidade de resgates bancários por parte do governo são "muito, muito baixos", disse o presidente do Federal Reserve (Fed) durante uma entrevista transmitida no domingo pelo canal CBS.
"O mundo muda. O mundo evolui. E os riscos também mudam. Eu diria que o risco que mais vigiamos agora é o risco cibernético", afirmou, acrescentando que essa preocupação é compartilhada por múltiplos governos e empresas privadas, principalmente nas finanças. Além disso, essas organizações estão investindo mais contra os ataques cibernéticos, acrescentou.
Powell enfatizou que o Fed analisa diferentes cenários.
"Há cenários em que uma grande empresa de serviços de pagamento, por exemplo, se rompe e o sistema de pagamento para de funcionar. Os pagamentos não podem ser concluídos. Há cenários em que uma grande instituição financeira perde a capacidade de rastrear os pagamentos que está fazendo e coisas do tipo", disse.
O Fed também está analisando a possibilidade de que uma parte ou inclusive uma grande parte do sistema financeiro seja paralisada.
"Dedicamos muito tempo, energia e dinheiro para nos proteger dessas coisas", continuou, destacando que os ataques cibernéticos às principais organizações acontecem "todos os dias".
- Dólar digital -Powell também foi questionado sobre a possibilidade de criar um dólar digital, já que a China se tornou no mês passado a primeira potência econômica mundial a apresentar uma criptomoeda.
Ele respondeu que por agora o Fed está avaliando essa opção.
"Acreditamos que é nossa obrigação entender (como seria). Como funcionaria? Quais seriam suas características?", indagou Powell.
Ele também afirmou que o Fed está desenvolvendo um software, e inclusive projetando como seria um dólar americano digital, mas a decisão final sobre torná-lo público será tomada apenas quando seu impacto for totalmente compreendido.
O dólar é "a moeda de reserva mundial. O dólar é muito importante (...). Não precisamos ser os primeiros a fazer isso. Queremos fazer direito. E isso é o que vamos fazer", afirmou.
Em outubro passado, Powell já havia indicado que os Estados Unidos estavam pensando em emitir sua própria criptomoeda, mas alertou então que uma avaliação completa dos benefícios e riscos levaria tempo.
Para a secretária do Tesouro, Janet Yellen, a criação de um dólar digital poderia beneficiar a economia americana, disse ela em uma entrevista ao jornal The New York Times publicada em 22 de fevereiro.
Yellen destacou a necessidade de que os bancos centrais analisem adequadamente os problemas associados, especialmente a proteção ao consumidor.
Em relação à economia americana, Powell disse que está "em um ponto de inflexão": o crescimento e o emprego vão acelerar nos próximos meses, estimou.
No entanto, ele insistiu mais uma vez que a pandemia de covid-19 ainda apresenta riscos.
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