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Economia dos EUA confirma sua solidez antes do feriado de Ação de Graças

24/11/2021 19h50

Washington, 24 Nov 2021 (AFP) - A força da reativação econômica dos Estados Unidos se confirma, alimentada pelo consumo que avança apesar da alta inflação, enquanto os pedidos de seguro-desemprego caem para seu nível mais baixo desde 1969, dados que agradam Joe Biden antes do fim de semana de Ação de Graças.

As famílias americanas continuaram consumindo em outubro, indicou o Departamento de Comércio nesta quarta-feira (24).

Suas despesas aumentaram 1,3% em relação a setembro, mas com a maior inflação em 31 anos. Sem considerar a inflação, os gastos do consumidor aumentaram 0,7%, frente a 0,3% em setembro.

A renda dos americanos também aumentou com salários mais altos e lucros obtidos com rendimentos, de acordo com dados oficiais. Os consumidores direcionaram seus gastos tanto em bens quanto em serviços.

Enquanto isso, os preços ao consumo continuaram subindo em outubro nos Estados Unidos, impulsionados pela energia, e registraram um aumento de 5% em 12 meses, o maior aumento anual desde 1990.

De acordo com o índice PCE do Departamento de Comércio, a inflação mensal foi de 0,6% entre setembro e outubro. Além disso, as receitas e despesas das famílias cresceram bem mais do que o esperado em relação a setembro, 0,5% e 1,3%, respectivamente.

O aumento anual do índice PCE, que mede a elevação dos preços com base no consumo pessoal, é o maior desde novembro de 1990 e estava bem acima dos 4,4% em 12 meses em setembro passado.

Os dados mostram que os preços da energia subiram 30,2% desde outubro de 2020, enquanto os preços dos alimentos subiram 4,8%.

Os números da gasolina são sensíveis antes do Dia de Ação de Graças, um feriado em que os americanos viajam pelo país para visitar seus entes queridos.

Biden disse recentemente que sua "prioridade absoluta" é "reverter a tendência da inflação".

Em sua reunião de política monetária no começo do mês, cujas atas foram divulgadas na quarta-feira, alguns dirigentes do Federal Reserve destacaram que o banco central americano deveria se preparar para ajustar suas compras de ativos mensais - com os quais injeta dinheiro na economia - e "elevar as taxas básicas antes do esperado (...) se a inflação" for alta demais, segundo um comunicado.

Muitas empresas aumentaram os preços de seus produtos e até mesmo - em um sinal dos tempos - a popular rede de lojas Dollar Tree anunciou que seus itens não custariam mais US$ 1, mas sim US$ 1,25.

- Pouco ânimo e muito consumo -A inflação afetou a confiança dos consumidores, de acordo com a estimativa final da Universidade de Michigan, também divulgada nesta quarta-feira.

Essa pesquisa mostrou temores relacionados a uma inflação "combinada à ausência de políticas federais que permitissem" corrigir sua trajetória.

"Prestem mais atenção no quanto os consumidores compram, ao invés do que eles dizem", disse Mahir Rasheed, economista da Oxford Economics.

"As famílias expressaram um forte desejo de gastar na temporada de férias, apesar das altas pressões inflacionárias e dos temores renovados da covid-19", acrescentou.

A poupança continua caindo. Em outubro, era 7,3% da renda disponível, longe dos 26,6% de março de 2021, depois que o governo federal pagou alguns cheques de ajuda para a pandemia.

O consumo, motor da economia, deve ser sustentado pela temporada de compras de fim de ano que começa na sexta-feira com a tradicional Black Friday.

Os empregadores ainda têm dificuldades para contratar, principalmente no caso de cargos de menor remuneração, e as empresas se esforçam para atrair candidatos, propondo salários mais altos e melhores condições de trabalho.

- Lenta melhora do abastecimento -Mas o mercado de trabalho como um todo continua melhorando.

Os pedidos de seguro-desemprego semanais caíram abaixo do nível de antes da pandemia da covid-19, que causou demissões em massa, o que representa um marco na recuperação econômica do país.

O Departamento de Trabalho anunciou 199.000 novos pedidos na semana encerrada em 20 de novembro, um nível mais baixo do que o registrado em 14 de março de 2020, a última semana antes do desemprego começar a aumentar com a disseminação do coronavírus.

É também o menor registro desde novembro de 1969, de acordo com os dados, bem abaixo das previsões dos analistas - que esperavam 265.000 novos registros - e uma queda de 71.000 em relação à semana anterior.

O economista Mohamed El-Erian qualificou o anúncio de "uma boa notícia para a economia", embora tenha lembrado que não está claro se não se trata apenas de uma mudança de opinião entre muitas pessoas que haviam decidido não voltar a trabalhar.

Essa queda pode ser considerada "exagerada por fatores de ajuste sazonal", acrescentou Gregory Daco, da Oxford Economics, que alerta para uma possível "retomada nas próximas semanas".

Cerca de 2,4 milhões de americanos recebem algum tipo de seguro-desemprego.

No entanto, a atividade econômica continua perturbada por dificuldades globais na cadeia de abastecimento.

As encomendas de bens duráveis voltaram a cair em outubro pelo segundo mês consecutivo, prejudicadas pela queda nos pedidos de aeronaves, enquanto as compras de automóveis - uma boa notícia para a indústria - se recuperaram.

Excluindo transportes, as novas encomendas aumentaram 0,5% e, excluindo a defesa, o aumento foi de 0,8%.

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