Banco Mundial reduz previsão de crescimento mundial e alerta sobre impacto da ômicron
O crescimento global vai desacelerar este ano e a situação pode piorar devido ao impacto da variante ômicron do coronavírus, que se espalha rapidamente, acentuando a escassez de mão de obra e problemas logísticos, alertou o Banco Mundial (BM) nesta terça-feira (11).
A instituição revisou para baixo sua previsão de crescimento do PIB global para 2022 em 0,2 ponto percentual, para 4,1%, após 5,5% em 2021.
Mas "as perturbações econômicas causadas pela ômicron podem reduzir ainda mais o crescimento global este ano, de 0,2 a 0,7 ponto percentual" até 3,9% ou 3,4%, acrescentou o organismo.
Na pior das hipóteses, "a maior parte do impacto seria sentida no primeiro trimestre de 2022, seguida por uma recuperação notável no segundo trimestre".
"A variante ômicron nos mostra mais uma vez que a pandemia ainda está entre nós e devemos aprender a conviver com ela", disse Ayhan Kose, chefe de previsões do BM, em entrevista à AFP.
Esta quarta onda da pandemia tem causado, por enquanto, menos restrições do que a de 2020 "e se o surto diminuir logo, o impacto econômico será bem leve", comentou.
Mas "se a variante se mantiver, com um alto número de infecções e pressões sobre o sistema de saúde, o crescimento será mais fraco", acrescentou.
Nesse cenário, a escassez de mão de obra aumentaria, perturbando ainda mais as cadeias de abastecimento globais e alimentando preços mais altos.
Diante de uma inflação galopante, o banco central americano poderia aumentar brutalmente as taxas de juros de referência, elevando o custo dos empréstimos para os países emergentes, já com dívidas recordes.
Neste contexto, a confiança das empresas e das famílias pode diminuir. Em última análise, o consumo e os fluxos comerciais, que são o motor do crescimento global, seriam afetados.
Para 2022, o Banco Mundial já revisou para menos o crescimento do volume do comércio mundial - a 5,8% (-0,5 ponto percentual) -, após uma recuperação de 9,5% no ano passado.
Estados Unidos e China
Ayhan Kose estima que a vacinação continua sendo o elemento-chave. A ameaça de novas variantes, mais contagiosas ou graves persistirá enquanto uma parte significativa da população mundial permanecer não vacinada.
"Com base nas taxas de vacinação recentes, apenas cerca de um terço da população em países de baixa renda terá recebido uma dose da vacina até o final de 2023", lamenta a entidade em seu relatório.
As duas maiores potências mundiais, Estados Unidos e China, não escapam do impacto da ômicron, diz o Banco Mundial.
O crescimento dos EUA foi revisado para baixo em 2022 - a 3,7% (-0,5 pontos percentuais) após 5,6% em 2021 (-1,2 pontos percentuais).
"A inflação persistente e um endurecimento ainda mais rápido da política monetária podem levar a um crescimento mais fraco do que o esperado".
O crescimento chinês está estimado em 5,1% (-0,3 pontos percentuais) ante 8% (-0,5 pontos percentuais) em 2021. A China está desacelerando "mais do que o esperado", diz a instituição.
"A possibilidade de uma desaceleração acentuada e prolongada no setor imobiliário fortemente endividado, e os seus possíveis efeitos nos preços da habitação, nos gastos dos consumidores e no financiamento dos governos locais, constitui um risco" para a economia chinesa, conclui.
América Latina
O crescimento na América Latina e no Caribe se recuperou para 6,7% em 2021, mas deve cair para 2,6% em 2022 e 2,7% em 2023.
O relatório prevê que a economia do Brasil desacelerará para 1,4% em 2022, entre outros "devido à confiança limitada dos investidores, à erosão do poder de compra derivada da alta inflação (...) à desaceleração da demanda da China e à queda dos preços do minério de ferro". Para 2023, o Banco Mundial espera uma recuperação de 2,7%.
O PIB do México crescerá 3% em 2022 e 2,2% em 2023. "Espera-se que os gargalos da cadeia de suprimentos persistam durante o primeiro semestre de 2022, enquanto a demanda externa será limitada pela desaceleração do crescimento dos Estados Unidos".
As projeções indicam que o crescimento na Argentina cairá para 2,6% em 2022, "à medida que o consumo privado desacelera".
As recuperações cíclicas observadas no Chile, Colômbia e Peru em 2021 enfraquecerão em 2022, e na América Central o crescimento permanecerá sólido em 2022, em 4,7%.
O Fundo Monetário Internacional publicará sua previsão em 25 de janeiro.
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