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Peru exige ressarcimento de danos à Repsol por derramamento de petróleo

19/01/2022 19h36

Lima, 19 Jan 2022 (AFP) - O Ministério das Relações Exteriores do Peru exigiu nesta quarta-feira (19) à petrolífera espanhola Repsol que responda pelo vazamento de cerca de 6.000 barris de óleo no litoral central do país, atribuído pela empresa ao tsunami causado pela erupção vulcânica em Tonga.

"O derramamento de petróleo da Repsol em Ventanilla é o pior desastre ecológico ocorrido em Lima nos últimos tempos, e causou grave prejuízo para centenas de famílias de pescadores. A Repsol deve ressarcir este dano de maneira imediata", afirmou o ministério peruano através do Twitter.

Segundo o texto, "esta terrível situação pôs em perigo a flora e a fauna em duas áreas naturais protegidas", que incluem a Reserva Nacional do Sistema de Ilhas, Ilhotas e Pontas Guaneiras, Ilhotas de Pescadores e Zona Reservada Ancón.

As autoridades peruanas encontraram, cobertas de petróleo, diversas espécies marinhas mortas e outras com vida, que foram resgatadas.

O vazamento ocorreu no sábado, na refinaria La Pampilla, situada em Ventanilla, um distrito da província de Callao, na região da capital peruana, durante o processo de descarregamento do navio-tanque "Mare Dorium", de bandeira italiana e carregado com 985.000 barris de petróleo - supostamente devido à força da maré.

Consultada pela rádio RPP, a porta-voz da Repsol no Peru, Tine van der Wall Bake Rodríguez, disse "não podemos dizer quem é o responsável" pelo derramamento e acrescentou: "estamos extremamente abalados" pelo que consideram "um lamentável incidente".

Em seu relato do ocorrido, a representante da Repsol disse que no sábado passado comunicou-se com a Marinha peruana após a notícia da erupção do vulcão em Tonga "para ver se havia alerta de tsunami, (mas) nos confirmam que não havia nenhum tipo de alerta para o litoral peruano, e que podíamos continuar com a descarregamento do navio", que tinha começado na sexta-feira.

A empresa havia informado a princípio que tinha ocorrido um "derramamento limitado" com volume aproximado de 0,16 litro (7 galões) de petróleo.

Van den Wall Bake Rodríguez explicou que inicialmente não foi percebido nenhum vazamento de grande volume, "apenas iridescência no mar", e afirmou que não foram reportados em princípio os quase 6.000 barris derramados porque "a ondulação anômala pegou o derramamento debaixo do navio e o levou para muito longe".

O petróleo se espalhou por pelo menos 18.000 metros quadrados.

- Limpeza -

A Repsol reiterou hoje em nota que está "executando os trabalhos de remediação do litoral e de limpeza de praias após a situação gerada pelo aumento da maré registrado devido à erupção vulcânica em Tonga".

"Foram instaladas barreiras de contenção que cobrem todas as áreas afetadas e brigadas com equipamentos especializados por mar e terra", acrescentou.

Na praia Cavero, em Ventanilla, dezenas de trabalhadores com equipamentos de proteção individual, usavam pás para coletar, pelo terceiro dia, o petróleo que chegou à costa, enquanto membros da Marinha vigiavam as praias, constatou a AFP.

Javier Vega, um dos trabalhadores, disse que "o trabalho é intenso, estamos trabalhando das seis da manhã às seis da tarde recolhendo o petróleo".

A operação é realizada sob o forte sol do verão no hemisfério sul, com temperaturas que superam os 25ºC e forte cheiro de combustível.

Os trabalhadores usam esponjas longas para coletar o petróleo na praia, que apresenta tom escuro e viscoso, impregnadas de óleo. Em seguida, usam sacos e baldes plásticos para armazenar o petróleo coletado.

- Investigação -O Ministério Público do Peru abriu uma investigação pelo suposto delito de poluição ambiental contra os representantes legais e funcionários da refinaria e advertiu que as multas poderiam chegar a 34,5 milhões de dólares.

Por sua vez, a agência reguladora de energia ordenou a suspensão das operações no terminal marítimo onde ocorreu o vazamento.

Comunidades de pescadores e moradores da região dirigiram-se nestes dias para a frente da sede da refinaria, pedindo ações para conter a contaminação ambiental que os impede de desenvolver seu trabalho e exigir responsabilização.

La Refinaria La Pampilla tem capacidade de processamento de 117.000 barris diários, mais da metade do volume total refinado no Peru.

A Repsol participa de quatro blocos de exploração e produção de gás natural e líquidos associados no Peru, com uma extração de 46.000 barris equivalentes de petróleo por dia, que representam 12% da produção do país e 7% da extração da Repsol, segundo dados da empresa espanhola.

Nisto se inclui o Consórcio Camisea, cuja jazida de gás - a maios importante do Peru - conta com 14,3 TCF de reservas, e onde a Repsol tem 10% da participação.

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