Bancária receberá indenização de R$ 14 mi por receber menos que colega homem
Londres, 1 Fev 2022 (AFP) - O banco BNP Paribas deverá pagar mais de 2 milhões de libras (cerca de R$ 14 milhões) em danos e prejuízos a uma de suas funcionárias em Londres, Stacey Macken, que processou a entidade por discriminação salarial.
"Este é um caso histórico, não só porque é uma das somas mais altas jamais concedidas por um tribunal do trabalho britânico", comentou a advogada Sheila Aly, em uma declaração recebida pela AFP nesta terça-feira (1º).
"Também é o primeiro caso deste tipo no Reino Unido no qual foi ditada uma sentença a favor da igualdade salarial contra um banco internacional de investimentos", acrescentou.
Essa vitória "envia uma clara mensagem à indústria de que este tipo de discriminação não é aceitável", concluiu.
Macken, que ainda é funcionária do BNP Paribas segundo a sua advogada, afirmou não poder fazer comentários, pois ainda está em litígio com o banco pelo pagamento das custas judiciais.
"Quando chegar o momento, contarei minha história e as pessoas vão ficar escandalizadas ao saber as barreiras que as mulheres precisam superar para serem tratadas como seus colegas homens", acrescentou.
Macken denunciou que seu salário era 25% inferior ao de um colega corretor da Bolsa do sexo masculino e que sua bonificação de primeiro ano era a metade da dele, com o mesmo trabalho e apesar de avaliações de desempenho similares para postos equivalentes.
No processo, a funcionária descreveu um ambiente de trabalho humilhante e tóxico, com comentários degradantes e desrespeitosos. Também contou que chegou a se deparar com um chapéu de bruxa sobre sua escrivaninha.
Uma porta-voz do BNP Paribas procurada pela AFP garantiu nesta terça que o banco "entende que não cumpriu com suas obrigações com Macken" e acrescentou que a entidade já iniciou um programa de medidas corretivas, que inclui uma avaliação anual de igualdade salarial.
Um relatório publicado no início de 2020 pela organização de luta contra a desigualdade de gênero Fawcett Society afirmava que o Reino Unido ainda está a "gerações" de conseguir a igualdade entre mulheres e homens.
Ademais, pediu a introdução de "cotas, metas, medidas de trabalho flexível, publicação das diferenças salariais" e outras políticas proativas.
No fim de 2019, um grupo com uma centena de executivas britânicas lançou uma campanha para conscientizar sobre a diferença salarial, sob a 'hashtag' #MeTooPay, inspirada no movimento #MeToo contra as agressões sexuais.
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