Banco Mundial alerta sobre o risco de se ignorar dívida crescente
Washington, 15 Fev 2022 (AFP) - A reunião financeira do G20 desta semana provavelmente não permitirá muito progresso na reestruturação da dívida dos países pobres, alertou a economista-chefe do Banco Mundial, lamentando a inércia.
Os ministros das Finanças do Grupo dos 20 se reunirão na Indonésia na quinta e sexta-feira, à medida que as taxas de juros começam a subir em todo o mundo, colocando mais pressão sobre os endividados.
Mas a economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart, mostrou-se cética de que em breve haverá uma resolução para ajudar a combater as dívidas insustentáveis de muitos países pobres.
"A estagnação é muito, muito problemática", disse à AFP em entrevista, alertando que a duração média de uma crise da dívida pública é de nove anos, criando uma "década perdida" para países que já são vulneráveis.
O problema, disse Reinhart, é que os países pobres "não são sistemicamente importantes". Se derem calote, isso não teria um impacto em grande escala no cenário global, daí a falta de ação drástica, apontou.
"Houve uma resposta rápida (...) sobre a resolução de uma crise de dívida na Grécia porque a Grécia tinha um impacto nos bancos alemães e afetava os bancos franceses", lembrou. Alemanha e França são duas economias-chave na zona do euro.
Na década de 1990, "houve uma resposta rápida dos Estados Unidos à crise mexicana porque as autoridades americanas temiam uma onda de imigração do México", continuou o economista, especialista em questões de dívida há décadas.
No início da pandemia de covid-19, os países ricos do G20 ofereceram aos países pobres uma moratória no pagamento do serviço da dívida até o final de 2020, que depois estendeu até o final de 2021.
- "Dívida não transparente" -Questionada se esperava outro impulso para resolver a questão da dívida no G20 esta semana, Reinhart disse: "Espero que sim. Mas não estou otimista".
Paralelamente à Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), as economias ricas criaram, em novembro de 2020, um "quadro comum" destinado a reestruturar, ou mesmo cancelar, a dívida dos países que a solicitaram.
Mas, por enquanto, os credores privados, principalmente os chineses, estão atrasando sua implementação.
Antes da reunião do G20, o Banco Mundial divulgou um relatório mostrando que os países em desenvolvimento também estão sendo enfraquecidos pela "dívida não transparente".
Reinhart ressalta que esses países provavelmente estão muito mais endividados do que se pensa.
Foi o caso da Grécia em 2010 ou da Tailândia em 1997. "A história mostra que os atrasos no tratamento da dívida pendente de um país estão associados a recessões prolongadas, inflação alta e recursos em declínio para setores essenciais", observa o Banco Mundial em seu relatório.
E cita as áreas de saúde, educação e previdência social, "com impacto desproporcional sobre os pobres".
O relatório insta os formuladores de políticas nos países devedores a lidar com os riscos econômicos prementes, lidando rapidamente com empréstimos ruins para fortalecer seus sistemas financeiros, além de lidar com a alta dívida pública.
Isso é ainda mais urgente porque o aumento dos preços levou os principais bancos centrais a começarem a aumentar as taxas de juros. E o Federal Reserve dos EUA (Fed) deve fazê-lo no próximo mês.
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