Cuba barra entrada ao país de ativista da oposição
Miami, 16 Fev 2022 (AFP) - A ativista opositora cubana Anamely Ramos não pôde embarcar nesta quarta-feira (16) em um voo da companhia aérea American Airlines entre Miami, no sudeste dos Estados Unidos, e Cuba, depois que as autoridades do seu país lhe negaram a entrada na ilha, denunciou.
"Quero voltar ao meu país e tenho todos os documentos em dia", explicou Ramos em um telefonema à AFP. "Não me deixam voltar por razões políticas. Como dissenti em muitas coisas que o governo cubano faz de errado, eles decidem fazer isto".
As autoridades cubanas lembraram que suas leis permitem limitar a entrada de todas as pessoas em função de diferentes preceitos.
"Há vários (critérios para tomar uma decisão) assim, entre eles organizar e participar de ações contra os fundamentos políticos, econômicos e sociais do país", disse à imprensa Ernesto Soberón, diretor de Assuntos Consulares da Chancelaria cubana.
Ramos está fora de Cuba desde janeiro de 2021, quando viajou para estudar doutorado na Universidade Ibero-americana da Cidade do México, e garante querer voltar ao seu país para fazer um trabalho de campo relacionado com seus estudos.
A ativista fez parte do Movimento San Isidro, criado em 2018 para exigir maior liberdade de expressão em Cuba.
"Quando vou fazer o check-in, a American Airlines me diz que Cuba tinha mandado uma mensagem de 'no go', ou seja, de que eu não estava admitida para entrar no país", explicou Ramos.
A companhia aérea americana está "a par" do ocorrido e está "avaliando a situação", informou em um e-mail.
Ramos protestou contra a decisão da American Airlines de não deixá-la voar, alegando que o "Estado cubano está transferindo a responsabilidade para a companhia aérea e está, de alguma forma, colocando as fronteiras".
A companhia aérea destacou, por sua vez, que os "requisitos de entrada e admissibilidade dos viajantes são determinados pelas autoridades de cada país, não as companhias aéreas".
"Estou em uma situação de total desespero porque não tenho casa aqui", lamentou a ativista. "Em abril vence meu visto, portanto me expõem a uma situação de ilegalidade que eu não provoquei".
Em março de 2021, o governo cubano impediu a entrada à ilha da jornalista Karla Pérez, quando ela pretendia voar para a Havana procedente do Panamá, devido a seus vínculos com opositores fora da ilha. Atualmente, mora na Costa Rica, onde obteve o refúgio.
gma/dga/mvv
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