Fed modera aumento dos juros, mas manterá viés de alta para conter inflação
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevou, nesta quarta-feira (14), sua taxa básica de juros em meio ponto percentual, de acordo com a expectativa do mercado, mas reafirmou que continuará aumentando os juros, elevando-os, inclusive, acima dos 5%.
Ao fim de uma reunião de dois dias de seu Comitê Monetário, o banco central americano, que aumentou suas taxas a 4,25%-4,50% por decisão unânime, revisou para cima sua previsão da inflação em 2023 para 3,1% contra 2,8% em sua previsão anterior.
A inflação em 12 meses registrou 7,1% em novembro, abaixo dos 7,7% de outubro, segundo o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), publicado na terça-feira passada, antes do início da reunião do Fed.
O Fed também reduziu sua previsão de crescimento do PIB da maior potência mundial para o ano que vem a 0,5% contra 1,2%, segundo o comunicado publicado ao final do encontro.
Os aumentos dos juros visam a encarecer o crédito para o consumo e os investimentos, esfriando, assim, a economia, e reduzir a pressão sobre os preços em um contexto de inflação persistente nos Estados Unidos.
Estas são as taxas básicas de juros mais altas desde 2007.
Novos aumentos "serão apropriados", destacou o Fed em nota.
Enquanto em setembro o Fed previa um nível de 4,6% para a taxa básica de juros ao final do ciclo de altas, agora trabalha com níveis superiores a 5%.
Os efeitos da política de juros levam meses para serem sentidos. Mas o consumo continua sustentado no país e o mercado de trabalho goza de excelente saúde.
- Menos otimismo sobre a inflação -
A moderação nos aumentos das taxas de juros marca o início de uma nova etapa na luta contra o flagelo da inflação, uma prioridade do Fed, que visa a baixá-la a um nível de 2% ao ano, considerado saudável para a economia.
O organismo vinha elevando em 0,75 ponto percentual seus juros nas últimas quatro reuniões de política monetária - um aumento sem precedentes desde 1994.
Apesar desta moderação, o banco central americano mostrou-se menos otimista do que em setembro sobre a trajetória da inflação.
Espera-se, inclusive, que encerre 2022 em 5,6% contra 5,4% há três meses.
"São necessárias muito mais evidências para ter a confiança de que a inflação está em uma via sustentável de baixa", explicou a jornalistas o presidente do Fed, Jerome Powell, pouco após o fim da reunião.
Em seu comunicado, o Fed não mencionou a possibilidade de uma recessão no ano que vem. O mercado teme este cenário, em um contexto de forte aumento das taxas de juros, que poderia frear demais a atividade econômica.
O banco central americano estima uma taxa de desemprego de 4,6% para 2023 e 2024 frente ao atual 3,7%.
- Reação do mercado -
Após a decisão do Fed e dos comentários de Powell, a bolsa de Nova York fechou em baixa nesta quarta.
O índice Dow Jones recuou 0,42% a 33.966,35 pontos, enquanto o índice tecnológico Nasdaq perdeu 0,76% a 11.170,89 unidades e o S&P 500 caiu 0,61%, abaixo dos 4.000 pontos, a 3.995,32.
"As previsões são mais severas do que esperávamos", admitiu Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics.
Algumas empresas tecnológicas, muito sensíveis às variações das taxas de juros por sua dependência de crédito, sofreram. A Apple registrou baixa de 1,55% e a Google (Alphabet) recuou 0,56%.
A Tesla voltou a cair, 2,58% a 156,80 dólares, e se situa em seu nível mais baixo desde novembro de 2020.
jul/mr/dga/mvv/am/rpr
© Agence France-Presse
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.