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Inflação nos EUA se manteve alta em janeiro

14/02/2023 15h46

A inflação dos Estados Unidos se manteve em um nível elevado em janeiro, desacelerando menos do que o esperado em comparação com o ano passado e, inclusive, intensificando-se pela primeira vez desde outubro em comparação com o mês anterior.

Os preços ao consumidor subiram 6,4% no período interanual contra 6,5% no mês anterior, segundo o índice IPC, publicado nesta terça-feira (14), pelo Departamento de Trabalho e que é usado para indexar as pensões e outros benefícios.

A redução é menor do que o esperado, pois os analistas previam uma taxa de 6,2%, segundo o consenso da MarketWatch, um site de informação econômica. É o maior aumento desde outubro passado.

"A inflação nos Estados Unidos continua desacelerando-se, o que é uma boa notícia para as famílias e as empresas", declarou o presidente americano, o democrata Joe Biden.

No entanto, ele advertiu que "ainda há trabalho a fazer nesta transição para um crescimento mais constante e estável e poderia haver contratempos no caminho".

No mês, a inflação inclusive voltou a subir pela primeira vez desde setembro, ao aumentar para 0,5% a partir do 0,1% registrado no mês passado, segundo dados revistos para cima na publicação inicial.

O aumento do IPC "é mais forte do que o previsto", comentou, em nota, Ryan Sweet, economista da Oxford Economics.

"Há riscos de que a inflação supere o previsto no primeiro semestre deste ano", disse, acrescentando que "deveria moderar mais significativamente no segundo semestre, à medida que se intensifique a desinflação dos bens e a inflação dos serviços alcance seu ponto máximo".

Um vento de otimismo soprou de dezembro, quando a inflação desacelerou abruptamente.

"Sim, a inflação está desacelerando, mas não será um rio calmo", alertou em nota Gregory Daco, economista-chefe da EY Parthenon.

A inflação subjacente, que exclui preços voláteis como os alimentos e a energia, baixou a 0,4% em um mês, embora menos do que o esperado, e situou-se em 5,6% em um ano.

"A inflação é um adversário obstinado", afirmou Neil Saunders, da consultoria Global Data, para reforçar que é "muito mais persistente do que gostaríamos".

- Taxas mais altas -

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) trabalha para frear a inflação. Seu presidente, Jerome Powell, advertiu recentemente que o processo de "deflação começou", embora o caminho a percorrer seja "longo e cheio de obstáculos".

"Para os membros do Fed, este declínio lento da inflação não faz mais que justificar a ideia de manter as taxas de juros mais altas durante mais tempo", afirmou Rubeela Farooqi, economista-chefe do HFE.

Estes dados deveriam convencer a autoridade monetária da necessidade de continuar aumentando as taxas básicas de juros e de mantê-los altos durante muito tempo.

Isso, por sua vez, pressiona os bancos comerciais a elevarem os juros dos empréstimos, sejam imobiliários, de automóveis ou consumo, desanimando, assim, os consumidores a comprar. Este processo, em última instância, deveria reduzir a pressão sobre os preços.

Além disso, a escassez de mão de obra, que obriga os empresários a aumentarem os salários para atrair ou reter funcionários, continua sendo forte.

"As tensões persistentes no mercado do emprego estão pressionando a inflação para cima", declarou na segunda-feira a governadora do Fed, Michelle Bowman.

O mercado de trabalho apresentou boa saúde em janeiro, com uma taxa de desemprego que caiu para 3,4%, mais baixa do que antes da pandemia de covid-19, e com mais de meio milhão de postos de trabalho criados.

vmt-jul/sr/gm/llu/mvv/ic

© Agence France-Presse