Funcionários da Petrobras protestam contra imagem negativa após corrupção
Funcionários da Petrobras deram início a uma mobilização para expressar indignação e lutar contra o estigma causado pelo esquema de corrupção que assola a estatal.
Nas redes sociais, usando a hashtag #soupetrobras, empregados da petrolífera vêm postando, desde o início de quarta-feira (11), fotos de si mesmos segurando cartazes com a frase "sou melhor que isso #soupetrobras".
Até o momento, a iniciativa, criada por Thelma Wiegert e Priscila Norcia, funcionárias da área de comunicação da Petrobras, teve baixa adesão.
"O movimento iniciado por nós não tem nenhum caráter político nem institucional. Foi um movimento espontâneo. Queremos resgatar a credibilidade que foi roubada de todos nós, empregados, e todos os brasileiros. Queremos mostrar que a Petrobras não é só formada por gente envolvida em escândalos", diz Norcia à BBC Brasil.
"Assim como o restante da população, que acompanha revoltada a sucessão dos acontecimentos na empresa, nós, funcionários, também estamos descontentes com o que vem ocorrendo", acrescenta Wiegert.
Em muitas das imagens, os funcionários aparecem fazendo careta.
"A careta é associada ao 'sou melhor que isso'. Queremos dizer que somos melhores do que uma coisa feia que é o que está aparecendo por aí. Temos conteúdo, uma história que quem olha para a cara feia não enxerga", explica Wiegert.
Segundo elas, a decisão de criar a mobilização foi tomada durante a troca da alta cúpula da Petrobras, ocorrida na semana passada.
Na quarta-feira passada, a então presidente da estatal, Graça Foster, e mais cinco diretores renunciaram a seus cargos. Dois dias depois, o ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine foi escolhido para assumir a empresa.
"Decidimos assumir a voz da companhia, em um momento em que a empresa não se manifestava. A 'cara' que tem de aparecer é a do empregado, que constrói a Petrobras dia após dia", afirma Norcia.
"Quisemos mostrar a indignação e o valor dos funcionários da empresa", acrescenta Wiegert.
Estigma
Elas contam que, desde que o escândalo de corrupção na Petrobras veio à tona, em meio aos desdobramentos da chamada Operação Lava Jato, realizada pela Polícia Federal, os funcionários da estatal são alvos de estigma.
Outrora "porto seguro" do mercado financeiro, a Petrobras vem assistindo à queda no valor de suas ações, cotadas atualmente a menos de R$ 10, refletindo a desconfiança dos investidores em relação ao futuro da empresa.
Desde setembro do ano passado, a estatal já perdeu dois terços do seu valor de mercado. De maior empresa brasileira em valor de mercado, a Petrobras vale na bolsa hoje menos do que a Ambev, Itaú-Unibanco e Bradesco.
Além do esquema de corrupção, que teria envolvido diretores da empresa, empreiteiras e partidos políticos, a Petrobras sofre com o alto endividamento, o atraso na execução de projetos e com o preço do petróleo, perto de sua mínima histórica.
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