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3 razões para o FMI prever queda ainda maior da economia brasileira

João Fellet

Da BBC Brasil, em Washington

12/04/2016 00h30

O FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou nesta terça-feira (12) que a economia brasileira deverá repetir o resultado de 2015 e encolher 3,8% neste ano, índice inferior ao que o órgão previa em janeiro (3,5%).

Em relatório sobre o estado da economia global, o órgão diz que o PIB brasileiro só deixará de diminuir em 2017, quando deve permanecer estagnado (0%). Ainda assim, o fundo afirma que o cenário econômico no Brasil é incerto, e que "possíveis atrasos em retornar a condições mais normais podem voltar a baixar as previsões (globais) atuais de crescimento".

A BBC Brasil detalhou três dos principais fatores que, segundo o FMI, estão por trás da deterioração da economia nacional.

1 - Instabilidade política

Segundo o fundo, "incertezas domésticas continuam a prejudicar a capacidade do governo de formular e executar políticas".

O órgão diz que a situação econômica do país tem se revelado pior que a esperada, enquanto em países vizinhos os resultados vêm seguindo as previsões.

Analistas do fundo avaliam, porém, que o agravamento das condições já surtiu grande parte de seus efeitos, e que o país deve retomar a trajetória do crescimento durante 2017 (ainda que o PIB fique estagnado no ano).

O FMI prevê que as economias da América Latina e do Caribe encolherão 0,1% em 2016 e crescerão 1,5% em 2017.

Além do mau desempenho do Brasil, o desempenho regional é puxado para baixo pela Venezuela, cujo PIB deve diminuir 8% em 2016 e 4,5% em 2017.

Outra nação sul-americana que, segundo o FMI, enfrentará dois anos seguidos de retração é o Equador, que deve encolher 4,5% em 2016 e 4,3% em 2017.

2 - Baixos preços de matérias-primas

O Brasil é um dos países que mais têm sofrido com a desvalorização das matérias-primas, influenciada em grande medida pela desaceleração da economia chinesa e pela abundância da oferta dos produtos, segundo o FMI.

Minérios e matérias-primas agrícolas estão entre os principais itens vendidos pelo Brasil ao exterior.

Entre agosto de 2015 e fevereiro de 2016, os preços internacionais de minérios caíram 9%, e os de matérias-primas agrícolas, 4%.

Segundo o FMI, a China foi responsável por 40% da demanda global por minérios em 2014. Por isso, quando a China reduz suas importações desses produtos, os preços dos bens tendem a cair.

O fundo diz que as exportações de commodities devem começar a se recuperar em 2017, ainda que em níveis menores que os do passado.

3 - Desemprego

Segundo o FMI, o desemprego no Brasil deve passar de 6,8% em 2015 para 9,2%, em 2016.

Em 2017, o índice deve piorar ainda mais e alcançar 10,2%.

Entre as principais economias da América do Sul, o dado só será melhor que o da Venezuela, onde o desemprego deve passar de 7,4% em 2015 para 17,4% em 2016 e 20,7% em 2017.
O país sul-americano com o menor desemprego é a Bolívia. O índice boliviano, segundo o FMI, terminará 2016 em 4% e se manterá idêntico em 2017.

Recomendações

O FMI afirma que para voltar a crescer o Brasil deve "insistir com seus esforços de consolidação fiscal para estimular uma reviravolta na confiança e no investimento".

Segundo o órgão, as restrições ao corte de gastos obrigatórios tornam o aumento de impostos necessário no curto prazo.

Mas o FMI afirma que o mais importante é tornar mais flexível a possibilidade de cortes e pôr fim a despesas "insustentáveis".

"Uma redução na inflação em direção à meta de 4,5% em 2017 requererá uma política monetária apertada", diz o órgão.

O FMI também afirma que reformas estruturais para aumentar a produtividade - incluindo o programa de concessões na infraestrutura - são essenciais para a retomada do crescimento.