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Temer deixa G20 sem ter realizado nenhum encontro fechado com outro líder

Temer cumprimenta Trump - brasileiro não teve nenhum encontro fechado com líderes - Reprodução/Twitter/@MichelTemer
Temer cumprimenta Trump - brasileiro não teve nenhum encontro fechado com líderes Imagem: Reprodução/Twitter/@MichelTemer

Mariana Schreiber - Enviada especial da BBC Brasil a Hamburgo (Alemanha)

08/07/2017 18h14

Ele considera, porém, que diante da grave crise política que o governo atravessa, reuniões desse tipo não teriam gerado tantos benefícios ao país. Segundo ele, os sinais de que aumentou o risco de queda de Temer atrapalham o diálogo de longo prazo com outros países.

"Na negociação de política externa, sua credibilidade depende da sua capacidade de assegurar que você de fato estará lá para implementar o que está propondo. Além disso, o Brasil não tem muita capacidade de prestar atenção nessas questões internacionais agora. Esse governo dedica 80% do seu tempo para sua própria sobrevivência", afirmou.

Importância dos encontros

Segundo Stuenkel, encontros bilaterais são importantes para estabelecer um contato mais direto com os outros líderes, o que pode ser útil em momentos de crise, na negociação para que o país ocupe cargos importantes em organismos multilaterais e até mesmo para construir uma narrativa positiva sobre o país para atração de investimentos.

"A relação pessoal é fundamental para o caso de surgir um problema específico. Por exemplo, um tema relevante para o Brasil discutir nesse momento é a Venezuela. Seria importante Temer saber o que de fato o Trump está pensando sobre essa crise", observou.

Temer ainda não teve um encontro oficial com Trump - o americano já se reuniu com outros líderes latinos como os presidentes de Peru, Argentina e Colômbia. No G20, teve uma reunião bilateral com o presidente mexicano Enrique Peña Nieto.

Alguns analistas, porém, consideram que a baixa popularidade de Temer e as denúncias que ele enfrenta tendem a reduzir o interesse de outros líderes de manter encontros com ele. "Poucos participantes do G20 veriam muito valor em se encontrar com Temer", acredita o especialista em América Latina e presidente emérito do centro de pesquisas Inter-American Dialogue, Peter Hakim.

"A crise de governo, os retrocessos econômicos e os escândalos de corrupção fizeram com que a maioria dos principais países do mundo e agências internacionais se tornasse cautelosa sobre manter relações próximas com o Brasil", destaca.

'Eleição para recuperar brilho'

Para Thomas Bernes, o Brasil está apagado agora, mas pode recuperar o brilho após a eleição de um novo presidente.

"Foi o caso do Canadá, após a eleição de Justin Trudeau, e da França agora, com Macron. Eles foram grandes ativos na melhora da imagem dos dois países. Então, sim, penso que um líder fresco pode trazer uma uma mensagem muito positiva nova e fortalecer a voz do país nas discussões internacionais", notou.

Segundo ele, o Brasil não é o único a ter perdido brilho internacionalmente.

"O Brasil era muito ativo nas discussões e liderava várias delas. Isso está fazendo falta, é triste. Mas o Brasil não é o único (a ter perdido prestígio). O Reino Unido, que tradicionalmente tem sido um líder, está quase invisível aqui", acrescentou.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, perdeu força após o fraco resultado alcançado nas últimas eleições parlamentares e tem a missão de conduzir a difícil saída do Reino Unido da União Europeia..