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Recuperação da economia favorece PSDB e diminui chance de Lula e Bolsonaro em 2018, diz consultoria britânica

Camilla Veras Mota - @cavmota - Da BBC Brasil em São Paulo

14/11/2017 13h36

A um ano das eleições, os sinais de que a recessão ficou para trás tornam-se cada vez mais claros no Brasil. O desemprego começa a recuar, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou dois trimestres consecutivos de alta e o comércio voltou a tomar fôlego. O desempenho desses indicadores nos próximos 12 meses será decisivo para definir o desfecho do pleito presidencial. Quanto mais forte o ritmo de retomada da economia, diz a consultoria Economist Intelligence Unit (EIU), maiores as chances de candidatos centristas, mais alinhados ao mercado.

Isso porque, depois de dois anos de crise, os brasileiros não estariam dispostos a colocar em risco uma eventual recuperação do poder de compra, do consumo e o aumento da sensação de bem-estar apostando em candidatos com discurso mais radical - à esquerda ou à direita -, avalia Fiona Mackie, diretora regional para a América Latina da EIU.

"Quanto mais clara a recuperação, mais pragmáticos tendem a ser os eleitores", ressalta.

A análise sobre o Brasil consta em um relatório sobre o panorama eleitoral da América Latina em 2018 que a consultoria, parte do grupo que publica a revista The Economist, divulga nesta terça-feira.

Nesse cenário, o partido que mais se beneficiaria seria o PSDB, ela diz - hoje, o mais cotado para disputar a Presidência pelo partido é o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB).

Mackie reconhece que escândalos de corrupção e as polêmicas envolvendo o senador Aécio Neves complicam a trajetória do partido, mas diz que o alinhamento com a atual agenda econômica e com a continuidade das reformas conta a favor.

Os não políticos

Nesse sentido, também crescem as chances do atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. De um lado, há o precedente importante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, titular da pasta na gestão de Itamar Franco, diz a cientista política, entre 93 e 94. "Há similaridades, mas também muitas diferenças. Meirelles não tem tanta experiência política nem tanto carisma", ela ressalva.

Meirelles, assim como outros "outsiders" - entre os nomes não alinhados ao status quo da política já apareceram o do apresentador Luciano Huck e o do presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro -, tem ainda a desvantagem de não contar com a máquina política de que dispõem os partidos tradicionais, que Mackie considera importante na batalha para conquistar os eleitores que estão fora dos principais centros urbanos.

"Sem ela seria difícil até para Marina Silva", afirma.

Bolsonaro e Lula

As chances de um segundo turno com candidatos considerados populistas, com discurso mais radical à direita e à esquerda - Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nessa ordem - são pequenas, na avaliação de Mackie. "Esse seria o pesadelo do mercado", comenta.

Ambos têm nível de rejeição elevado, pondera ela, e ainda há dúvida sobre a viabilidade da candidatura de Lula, que aguarda decisão em segunda instância da condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro anunciada em julho.

O cenário mais provável, diz a diretora da consultoria, é um segundo turno com um candidato populista e um de centro, com vitória deste último. "Essa será provavelmente a disputa mais aberta que o Brasil já teve", ela destaca.

Quem quer que vença a disputa, ela lembra, vai herdar a tarefa reconhecidamente desafiadora de controlar a deterioração das finanças públicas e o aumento da dívida pública, o que passa por uma impopular Reforma da Previdência e por medidas de arrocho fiscal.

A projeção da EIU para o PIB de 2018 é de 2,3%, após alta de 0,7% esperada para este ano. A inflação deve acelerar ligeiramente, permanecendo em patamar baixo, de 3,5% na média do ano e de 4% nos 12 meses encerrados em dezembro.

Os salários devem avançar cerca de 3% em termos reais, com retração do desemprego, de 12,5% neste ano para 11,9%, em média.

Esses dois indicadores, ressalta Mackie, são aqueles que os analistas observam com atenção, porque geralmente antecipam o comportamento dos eleitores. "Eles traduzem a situação do poder de compra e do consumo", explica a cientista política.