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Os países onde dar gorjeta é ofensa

Gorjeta em restaurantes e viagens - Getty Images
Gorjeta em restaurantes e viagens Imagem: Getty Images

12/01/2022 21h20

No Reino Unido, donos de bares e restaurantes estão prestes a serem proibidos de ficar com as gorjetas deixadas por clientes aos funcionários.

O governo quer tornar a prática ilegal, uma vez que muitos trabalhadores dependem das gratificações para aumentar sua renda.

Mas nem todos os países do mundo levam o assunto tão a sério quanto os britânicos, que acredita-se terem "inventado" o costume das gorjetas no século 17 originalmente como uma prática aristocrática de dar pequenos presentes às "classes inferiores".

Atualmente, as gratificações são um hábito amplamente difundido em todo o mundo, embora estejam enredadas na cultura e nos valores de uma nação.

Em alguns lugares, as pessoas podem ficar até ofendidas se receberem gorjeta.

Estados Unidos

Uma piada comum entre os americanos é que apenas preencher as declarações de Imposto de Renda é mais confuso do que dar gorjetas.

As gratificações foram importadas para o país no século 19, quando americanos ricos começaram a viajar para a Europa.

O costume foi inicialmente reprovado, e os críticos o consideraram antidemocrático, acusando quem dava gorjeta de criar uma classe trabalhadora que "implorava por favores".

No século 21, você ainda encontrará americanos debatendo os prós e contras da prática.

Mas a gorjeta agora está completamente enraizada em suas mentes: o economista Ofer Azar estimou em 2007 que US$ 42 bilhões foram dados a prestadores de serviços só no ramo de restaurantes.

Nos EUA, as gorjetas são um complemento importante do salário.

China

Assim como muitos países asiáticos, a China tem em grande parte uma cultura de não aceitar gorjetas — por décadas, a prática foi proibida e considerada suborno. Até hoje, permanece relativamente incomum.

Nos restaurantes frequentados pela população local, os clientes não deixam gratificações.

As exceções são restaurantes que atendem principalmente a turistas estrangeiros e hotéis com uma clientela internacional semelhante (mesmo assim, só é aceitável dar gorjeta aos carregadores de malas).

Outra exceção é deixar gratificações para guias turísticos e motoristas de ônibus de turismo.

Japão

O intrincado sistema de etiqueta do Japão contempla gratificações. É socialmente aceitável em ocasiões como casamentos, funerais e eventos especiais — mas em situações mais comuns, pode na verdade fazer com que quem recebe se sinta depreciado.

A filosofia é que deve se esperar um bom serviço antes de qualquer coisa.

Mesmo nas ocasiões em que são esperadas gorjetas, a prática segue um protocolo que inclui a entrega do dinheiro em envelopes especiais em sinal de gratidão e respeito.

Os funcionários de hotéis, que são quase universalmente cordiais e prestativos, são treinados para recusar educadamente as gorjetas.

França

Em 1955, a França aprovou uma lei exigindo que os restaurantes adicionassem uma taxa de serviço às contas — prática que se tornou então comum na Europa e em outras partes do mundo —, como uma forma de melhorar os salários dos garçons e torná-los menos dependentes de gorjetas.

No entanto, a gorjeta permaneceu habitual, apesar de pesquisas mostrarem que as gerações mais jovens de franceses tendem a não dar gorjeta.

Em 2014, 15% dos consumidores franceses disseram que "nunca dariam gorjeta", um percentual duas vezes maior do que no ano anterior.

África do Sul

A Nação Arco-Íris aparece aqui por causa de um serviço específico que normalmente não é contemplado em muitos países: o de vigia de carros ou "flanelinhas".

É uma indústria informal que cresceu em proporção à taxa de desemprego da África do Sul — agora de 25% — e consiste basicamente de indivíduos que ajudam os motoristas a encontrar vagas e vigiam seus veículos.

De acordo com estatísticas oficiais, quase 140 automóveis foram roubados todos os dias no país no ano passado.

Pagar menos de US$ 1 pelo serviço não é o problema aqui: o debate na África do Sul é que o processo é quase totalmente desregulamentado e não há garantias de que nenhum dos lados cumprirá sua parte do acordo.

Suíça

Costuma-se dizer que as pessoas na Suíça arredondam contas e deixam gratificações para funcionários de hotéis e profissionais como cabeleireiros.

No entanto, o país tem um dos salários-mínimos mais altos do mundo: os garçons, por exemplo, ganham mais de US$ 4 mil por mês.

Portanto, eles não são tão dependentes de gorjetas quanto seus colegas americanos.

Índia

Muitos restaurantes na Índia cobram taxas de serviço na conta, então é considerado normal não deixar gorjeta.

Do contrário, a etiqueta é deixar de 15% a 20% do valor.

Não é raro encontrar restaurantes que exibem placas contra gorjetas.

Uma pesquisa de 2015 revelou que os indianos estavam entre os que mais pagam gorjetas na Ásia, atrás apenas de Bangladesh e da Tailândia.

Cingapura

Embora pequenas doações não sejam ofensivas em hotéis, restaurantes e táxis, as gratificações podem ser uma questão delicada em Cingapura.

O site do governo afirma que "dar gorjeta não é um estilo de vida" na ilha.

Egito

A gorjeta está profundamente enraizada no Egito, onde a gratificação é conhecida como baksheesh.

Egípcios abastados dão gorjetas regularmente a todos os tipos de prestadores de serviço, de garçons a frentistas de posto de gasolina.

As gratificações são bem-vindas em uma economia com taxa de desemprego superior a 10% e na qual o setor informal contribui para quase 40% do Produto Interno Bruto (PIB).

Irã

Os visitantes do Irã podem se deparar com o ritual do taroof — a prática de deferência em que o pagamento é inicialmente recusado por uma questão de educação —, que pode acontecer até mesmo em corridas de táxi, em que o motorista inicialmente se recusará a aceitar o pagamento.

Mas não vai acontecer com uma gorjeta: as gratificações por serviços fazem parte do dia a dia.

Rússia

Durante a era soviética, dar gorjetas era inaceitável na Rússia — era considerado um meio de depreciar a classe trabalhadora.

Mas os russos têm uma palavra para isso — chayeviye ("para o chá").

As gorjetas voltaram na década de 2000. Mesmo assim, pessoas mais velhas podem achar a prática ofensiva.

Argentina

Dar gorjeta a um garçom depois de comer um bom bife com vinho Malbec não causará problemas na Argentina — embora, na verdade, seja ilegal para as indústrias de alimentação e hotelaria, segundo uma lei trabalhista de 2004 .

Mesmo assim, as gorjetas existem e podem corresponder a até 40% da renda de um garçom argentino.