Mensagem dura do BC veio para ficar
(Bloomberg) -- O mercado parece ter entendido que a ata do Copom, divulgada ontem, elevou o tom na postura mais ortodoxa que Alexandre Tombini vinha demonstrando desde outubro, quando o BC surpreendeu com a alta da Selic.
O Copom reafirmou seu compromisso com o combate à inflação e, se as expectativas do mercado teimarem em não convergir para o centro da meta, o BC deve reforçar a mensagem, segundo fonte do governo ouvida pela Bloomberg.
O mercado, por sua vez, não deve se apressar na precificação da reversão da alta dos juros. Segundo a fonte, o BC vai ser paciente e, mesmo quando a projeção de IPCA dos analistas chegar aos 4,5%, a estimativa terá de se consolidar na meta antes do Copom alterar sua política. O banco quer as expectativas bem ancoradas.
As projeções mostram que o BC ainda terá trabalho. Na Focus, o IPCA estimado pelo mercado para 2016 está em 5,6%, mais de um ponto acima do centro da meta. E tem ficado ao redor deste número desde o final de 2013. As projeções feitas pelo próprio BC são menores, mas a autoridade monetária levará em conta as expectativas do mercado.
Embora o controle da inflação seja condição indispensável para a retomada da confiança dos investidores, o BC não se ilude e considera que a recuperação vai ser lenta. E essa percepção de atividade fraca, mesmo tendo aparecido em vários pontos da ata divulgada ontem, não impediu o BC de deixar uma mensagem mais severa nos últimos parágrafos do documento.
Foram detalhes que fizeram toda a diferença. O BC, que na ata anterior dizia vagamente que a inflação deveria convergir ''ao longo'' do próximo ano, agora especifica que deve ser ''ao final de 2016''. Ou seja, não basta o IPCA tocar o centro da meta em algum momento de 2016 e depois quicar. Tem de fechar o ano na meta.
O BC também colocou a frase sobre manter a política monetária vigilante no final do parágrafo 31, um ponto mais visível da ata. Na ata anterior, a referência ao ''vigilante'' estava menos evidente, no parágrafo 20 que, na ata divulgada ontem, também manteve o termo.
Se a última impressão é a que fica, o BC não quis deixar dúvidas. O ministério da Fazenda trocou de chefe para mudar a política. O BC se alinha ao ajuste da economia sob o mesmo comando mas, aparentemente, com uma nova postura.
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