BC define hoje novo patamar da taxa Selic; mercado prevê 1ª alta desde 2022
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) volta a se reunir nesta quarta-feira (18) para o veredito final sobre o futuro da taxa básica de juros. As projeções do mercado financeiro apontam que os diretores da autoridade monetária votarão pela alta de 0,25 ponto percentual da taxa Selic. Se confirmada, a expectativa resultará na primeira elevação dos juros desde agosto de 2022.
O que aconteceu
Reunião entre diretores do BC define novo patamar dos juros. O segundo dia de encontro entre os membros do Copom terminará com o veredito sobre o nível da taxa Selic. O anúncio deve ocorrer após as 18h.
Reunião do colegiado começou nesta terça-feira (17). No encontro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os diretores fizeram apresentações técnicas sobre as perspectivas da economia e o comportamento do mercado financeiro. Hoje, o Copom avalia as possibilidades futuras antes de definir o nível da Selic para os próximos 45 dias.
Mercado prevê primeira alta dos juros em mais de dois anos. Os analistas estimam que a taxa Selic subirá 0,25 ponto percentual, de 10,5% ao ano para 10,75% ao ano. Tal veredito corresponderá à primeira elevação da Selic desde agosto de 2022.
Apostas variam entre a manutenção e alta dos juros para 11% ao ano. As divergências integram a avaliação dos analistas consultados para a elaboração do Relatório Focus. A mediana na última divulgação prevê a elevação dos juros para 10,75% ao ano.
Possibilidade de alta da Selic foi levantada no último encontro do Copom. Na ata da reunião de agosto, os diretores da autoridade monetária admitiram aumentar os juros básicos para manter a inflação no limite da meta. A avaliação considera um cenário alternativo com projeções para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
O Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado.
Última ata do Copom
Indicado por Lula para assumir o BC não descarta elevação. Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente para suceder Campos Neto, defendeu em agosto, durante comemoração aos 125 anos do Tribunal de Contas do Piauí, a análise das atualizações econômicas para os novos passos da política monetária.
Ficamos dependentes de dados abertos, com todas as alterativas de política monetária na mesa, para a gente poder tomar a nossa decisão.
Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC
Expectativas mostram mais dois avanços até o fim de 2024. Conforme as projeções, os juros básicos devem chegar ao fim de 2024 em 11,25% ao ano. Além da alta prevista para esta quarta-feira, são esperadas mais duas elevações de igual magnitude nas duas reuniões seguintes, em novembro e dezembro.
Projeções do mercado para a Selic em 2025 também sobem. Os analistas consultados pelo BC aumentaram, na última semana, de 10,25% ao ano para 10,5% ao ano a previsão de patamar para a taxa Selic ao final do próximo ano. Já para 2026 e 2027, as projeções seguem estáveis em, respectivamente, 9,5% ao ano e 9% ao ano.
Previsões refletem as expectativas futuras para o IPCA. As apostas de juros mais altos surgem em linha com a projeção de inflação maior para os anos de 2024 (4,35%), 2025 (3,95%) e 2026 (3,61%). "O Comitê pesa muito mais a expectativa de inflação futura, para 2025 e 2026, do que a inflação corrente", diz Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos.
Mesmo que o IPCA de julho tenha vindo com deflação, a expectativa futura ainda está acima da meta.
Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos
Aquecimento da economia contribui para projeção de alta. O avanço do PIB (Produto Interno Bruto) acima do esperado no segundo trimestre e o desemprego no menor nível da história também são determinantes por abrirem caminho para alta dos preços. Os dois índices contribuem para o aumento do consumo e resultam, consequentemente, em mais inflação.
Discussões veem a Selic como ferramenta para conter inflação. Principal instrumento de política monetária para controlar os preços, a taxa básica estimula o consumo das famílias e resulta em elevação dos preços ao ser reduzida. Quando a Selic sobe, os investimentos ficam mais atrativos e o menor volume de compras abre caminho para uma inflação menor.
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