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Desculpem, altistas do ouro, mas melhor previsor do metal espera mais declínios

Debarati Roy e Eddie van der Walt

01/07/2015 16h11

(Bloomberg) - A pior sequência de perdas do ouro em quase duas décadas não terá alívio no futuro próximo, segundo o previsor mais exato para os metais preciosos.

Depois de recuarem 1 por cento desde dezembro, os preços cairão mais 10 por cento até o fim de 2015, alcançando US$ 1.050 por onça, seu menor valor em cinco anos, prevê Barnabas Gan, economista do Oversea-Chinese Banking Corp na Cidade de Cingapura. Gan superou 19 colegas de vários bancos, entre eles o Standard Chartered Plc e o ABN Amro Bank NV, para se transformar no analista mais preciso dos últimos 24 meses, mostram dados compilados pela Bloomberg Rankings.

O ouro afundou quatro trimestres consecutivos, a série mais prolongada desde 1997. Têm sido mais de dois anos de desilusões para os altistas que vinham empilhando produtos negociados em bolsa (ETP, na sigla em inglês) com o metal como garantia, acumulando um montante recorde para o fim de 2012. Desde então, mais de US$ 81,8 bilhões foram eliminados do valor dos ETP garantidos pelo lingote.

Gan, 33, espera que este continue caindo por causa do plano do Federal Reserve (Fed) para subir as taxas de juros nos EUA. Taxas mais altas impulsionam o dólar, reduzindo o atrativo do ouro como alternativa. O metal também não paga juros, diferentemente de ativos concorrentes, e uma inflação baixa acarreta uma menor necessidade da commodity como reserva de valor, disse ele.

"As expectativas de um aumento de taxas neste ano estão dando mais firmeza ao dólar, e um dólar mais firme tem mais probabilidades de ser um peso para os preços do ouro", disse Gan em entrevista por telefone. Ele acompanha o mercado há cinco anos.

Queda dos preços

O ouro para entrega imediata caiu 12 por cento nos últimos doze meses, para US$ 1.170,55, segundo preços genéricos da Bloomberg. Os preços recuaram 1 por cento nos três meses até 30 de junho, depois de declinarem 11 por cento nos três trimestres anteriores.

O metal despencou quase 40 por cento desde que alcançou o maior valor da história em setembro de 2011, quando os bancos centrais do mundo aplicaram estímulos econômicos sem precedentes que alimentaram a preocupação com uma alta acelerada do custo dos bens. Os preços do lingote estão atolados em um mercado baixista há 24 meses, pois a inflação não acelerou, ao passo que as ações dos EUA bateram recordes e o dólar se valorizou vertiginosamente.

Gan não é o único a predizer mais declínios. Analistas do Goldman Sachs Group Inc. reiteraram em um relatório feito em maio que esperam que os preços alcancem US$ 1.050 em doze meses. O Société Générale SA prediz que o metal alcançará esse patamar por volta do quarto trimestre deste ano, segundo um relatório de 26 de junho.

Grécia

Os investidores vêm aumentando suas posses porque a crise da dívida da Grécia impulsionou a demanda por ativos como refúgio. O ouro nos ETP mundiais aumentou 6,3 toneladas na semana passada, a maior quantidade desde fevereiro. Os ativos chegavam a 1.592,4 toneladas na segunda-feira.

O ouro no mercado de pronta entrega caiu 1,5 por cento em junho, acabando com dois meses de ganhos. Os preços caíram mesmo depois que os responsáveis pela política econômica do Fed sinalizaram que as altas das taxas de juros seriam gradativas. O Banco Central mantém sua taxa de referência quase zerada em um nível mínimo recorde desde 2008.

O ouro cairá para uma média de US$ 1.204 em 2015 e de US$ 1.179 em 2016, de acordo com Jens Pederson, analista sênior do Danske Bank A/S em Copenhague. A média do lingote para entrega imediata foi de cerca de US$ 1.266 em 2014. Pederson disse que espera que o Fed eleve as taxas de juros duas vezes antes do fim do ano.

"Os riscos para a nossa previsão para o ouro se encontram na desvalorização", disse Pederson em entrevista por telefone. "Qualquer revisão seria feita nessa direção".

Título em inglês: 'Sorry Gold Bulls, Metal's Best Forecaster Expects More Declines'

Para entrar em contato com os repórteres: Debarati Roy, em Nova York, droy5@bloomberg.net; Eddie van der Walt, em Londres, evanderwalt@bloomberg.net