IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Brics e G-7 têm US$ 7,1 tri em dívida para refinanciar em 2016

Anchalee Worrachate

04/01/2016 15h45

(Bloomberg) -- O montante de dívida que os governos das maiores economias do mundo precisarão refinanciar em 2016 mudará pouco em relação ao ano passado porque os países estão tomando medidas para reduzir os deficits orçamentários para um terço das altas observadas durante a crise financeira.

O valor das contas, notas e bônus que vencerão para os países do Grupo dos Sete, mais o Brasil, China, Índia e Rússia, totalizará US$ 7,1 trilhões, contra US$ 7 trilhões em 2015 e US$ 7,6 trilhões em 2012. Japão, Alemanha, Itália e Canadá verão queda nos resgates, enquanto os EUA, China e Reino Unido terão aumentos, mostram dados compilados pela Bloomberg.

O montante de dívida por vencer vem caindo gradualmente desde que a Bloomberg começou a analisar os dados, em 2012. A queda poderá dar algum apoio ao mercado de bônus com o Fed elevando gradualmente as taxas de juros, elevando os yields de mínimas recordes. Segundo projeção dos economistas, os déficits orçamentários vão encolher pelo sétimo ano seguido em 2016 porque os governos estão estendendo o vencimento de sua dívida e continuam reduzindo os gastos extras colocados em prática para combater o colapso financeiro global.

"A maior parte desses países está se movendo em direção à disciplina fiscal", disse Mohit Kumar, chefe de estratégia para taxas da unidade de banco corporativo e de investimento do Crédit Agricole em Londres. "Houve uma expansão fiscal durante a crise por diversas razões: para apoiar o crescimento e para transferir os passivos do setor privado para o setor público. Esses efeitos estão indo embora".

Fluxo de imigrantes

Embora mostre uma pressão menor sobre os governos para tomarem empréstimos, a queda não significa necessariamente que eles emitirão menos -- isso depende de suas exigências globais de financiamento. A Alemanha planeja aumentar suas vendas de bonds e notas para 203 bilhões de euros (US$ 221 bilhões) neste ano, contra cerca de 175 bilhões de euros em 2015, em parte para financiar despesas provocadas pela chegada recorde de imigrantes.

A Rússia e o Brasil verão os maiores declínios proporcionais em resgates de dívidas, com os títulos por vencer caindo 38 por cento e 26 por cento, respectivamente, segundo dados compilados pela Bloomberg. Incluindo pagamentos de juros, o montante de dívida que precisa ser refinanciado pelos países do G-7 e Brics vai totalizar US$ 7,8 trilhões neste ano, também uma mudança pequena em relação a 2015.

Os bonds soberanos renderam ganho de 1,2 por cento para os investidores em 2015, contra 8,4 por cento em 2014 e um retorno médio de 4,4 por cento nos últimos cinco anos, segundo índices do Bank of America. Os yields, que se movem inversamente aos preços, agora estão começando a subir à medida que as consequências da recessão diminuem, reduzindo a demanda pelos títulos como um refúgio, e com o banco central dos EUA esperando quatro aumentos nos juros até o fim do ano.

Aumentos dos EUA

Nos EUA, país mais endividado do mundo, com US$ 13,1 trilhões em obrigações de dívidas negociáveis, o montante de títulos do governo a vencer subirá 14 por cento em relação ao ano passado, para US$ 3,5 trilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. A China enfrenta o maior aumento percentual nas necessidades de refinanciamento em 2016, com um salto de 41 por cento, para US$ 254 bilhões.

A inflação mais lenta aumenta a atratividade dos pagamentos fixos que os bonds oferecem. Os economistas consultados pela Bloomberg estimam que a inflação nos países desenvolvidos tenha subido apenas 0,5 por cento em 2015, uma fração do aumento de 3,5 por cento de 2008.

Os déficits orçamentários no mundo desenvolvido encolherão para uma média de 2,4 por cento do PIB neste ano, segundo previsão dos economistas, contra um total estimado de 2,6 por cento em 2015 e um pico de 7,2 por cento em 2009.

"O cenário econômico e político é positivo" para os bonds do governo, disse Lyn Graham-Taylor, estrategista de taxas do Rabobank em Londres. "Continuamos otimistas".