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Mina no Brasil ajuda a derrubar títulos da peruana Minsur

Sebastian Boyd e Eduardo Thomson

05/01/2016 13h03

(Bloomberg) -- Para os traders de bonds, a queda da Minsur para junk é apenas o começo.

A maior produtora de estanho do mundo viu seus bonds caírem no último mês devido à quedas da produção no Peru, seu país de origem, e ao aumento dos custos em sua mina no Brasil.

Os investidores se preparam para mais rebaixamentos dois meses depois que a Minsur perdeu seu grau de investimento pela Moody's após a queda dos preços do metal provocada pela desaceleração econômica na China. A empresa com sede em Lima, que gera mais de 80 por cento de sua receita a partir do estanho, corre o risco de sofrer um segundo corte para junk após a Standard & Poor's colocar a nota da empresa em watch negativo no dia 30 de novembro.

A remuneração extra que os investidores exigem para comprar bonds da Minsur em vez de títulos do Tesouro dos EUA subiu para 5,42 pontos percentuais no final de 2015, nível mais elevado para um tomador de empréstimos dos Andes com grau de investimento.

"Trata-se de uma concentração grande demais em um só metal", disseram analistas do Itaú Unibanco, liderados por Ciro Matuo, em nota a clientes no dia 15 de dezembro. "A Minsur continua sendo a empresa em que vemos o maior risco de queda" entre as mineradoras latino-americanas.

O Itaú recomenda a venda de bonds da Minsur porque as classificações atuais da empresa estão baseadas na venda do estanho por aproximadamente US$ 23.000 a tonelada. Na segunda- feira, o metal era negociado a US$ 14.400 a tonelada para entrega em três meses, uma queda de 27 por cento no último ano.

Perspectiva para o preço

O preço do estanho provavelmente continuará sob pressão após a descoberta de novas fontes de abastecimento em Myanmar, disse o Itaú.

Embora o estanho se beneficie com o aumento do uso de dispositivos eletrônicos, a demanda é prejudicada pelo fato de os aparelhos estarem diminuindo de tamanho, o que reduz a necessidade de soldas. A China é o maior mercado de estanho do mundo, respondendo por mais de 45 por cento do consumo, segundo a Economist Intelligence Unit.

O diretor financeiro da Minsur, Gianflavio Carrozzi, preferiu não comentar o desempenho dos bonds da empresa ou a possibilidade de rebaixamento, quando perguntado por telefone, na segunda-feira.

A Minsur, cujas ações afundaram 72 por cento no último ano, está enfrentando queda na qualidade do minério e na produção em sua mina San Rafael, no Peru, que gera mais da metade de suas receitas. A produção nessa mina caiu 24 por cento no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.

A empresa está usando também geradores a diesel mais caros para fornecer energia à mina de Pitinga, no Brasil, enquanto realiza reparos em uma usina hidrelétrica. Os consertos poderão levar outros seis ou nove meses.

Isso significa que o custo de produção de Pitinga será de cerca de US$ 17.000 por tonelada, segundo Sebastián Cruz, analista da Kallpa Securities. O valor é 18 por cento maior que o preço atual.

"Com esses preços, essa mina não compensa", disse Cruz. "Eles estão investindo mais para mantê-la em funcionamento, mas a perspectiva atual para o preço não ajuda".