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CEO da VW pede desculpas em visita a um 'mercado principal'

Christoph Rauwald e Dana Hull

11/01/2016 12h13

(Bloomberg) - O CEO da Volkswagen AG disse que a fabricante de automóveis está seguindo seus planos de investimento e continua considerando que os EUA são um mercado principal antes das reuniões fundamentais que terá nesta semana com autoridades do governo com respeito ao fato de a companhia ter admitido que fraudou testes de emissões de seus veículos com diesel limpo.

"Estamos totalmente comprometidos a consertar as coisas", disse o CEO Matthias Müller no domingo, em um discurso em Detroit antes do Salão Internacional do Automóvel da América do Norte. "Nós sabemos que decepcionamos profundamente os nossos clientes, os órgãos responsáveis do governo e a população em geral aqui nos EUA. Eu peço desculpas pelo que aconteceu de errado na Volkswagen".

A maior fabricante de automóveis da Europa está atravessando negociações complexas com a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos EUA sobre possíveis consertos em cerca de 480.000 carros a diesel com motor de 2 litros. O órgão regulador disse na segunda-feira passada que as negociações não resultaram em "uma via de saída aceitável". O Departamento de Justiça abriu um processo no mesmo dia, um caso que poderia custar bilhões de dólares em multas à companhia com sede em Wolfsburg, Alemanha.

A VW reservou 6,7 bilhões de euros (US$ 7,3 bilhões) para os custos de recall no terceiro trimestre, mas já admitiu que esse valor não será suficiente. A solução técnica relativamente fácil e barata encontrada para os cerca de 8,5 milhões de carros afetados na Europa não funcionará para os veículos nos EUA por diferenças técnicas e porque esse país tem normas mais estritas quanto à emissão de diesel.

Reunião da EPA

Müller se encontrará com a diretora da EPA, Gina McCarthy, na quinta-feira, em Washington para tentar achar uma solução. Sua aparição em Detroit e as reuniões marcadas em Washington são parte da primeira viagem de Müller aos EUA em seu novo cargo. Müller era diretor da marca de carros esportivos Porsche, que pertence à VW, e substituiu em setembro Martin Winterkorn, que foi forçado a deixar o cargo quando o escândalo de manipulação veio à luz.

As ações subiram 2 por cento, para 117,40 euros, às 9h21 pelo horário de Frankfurt. A companhia perdeu quase 15 bilhões de euros em valor de mercado desde que o escândalo se tornou público em setembro.

As vendas mundiais da marca VW caíram 4,8 por cento para 5,8 milhões de veículos em 2015, a primeira queda em 11 anos, que incluiu um declínio de 7,9 por cento em dezembro. As remessas da marca VW despencaram 9,1 por cento para 30.956 carros nesse mês nos EUA, embora outras companhias tenham registrado um ano de crescimento recorde. A fraude da Volkswagen com as emissões se tornou conhecida em setembro.

As remessas internacionais do grupo Volkswagen ficaram abaixo da marca de 10 milhões de carros registrada no ano passado, pois o mercado chinês desacelerou e a fraude cometida pela empresa em relação às emissões de diesel dissuadiu os consumidores. As remessas também foram prejudicadas pelos mercados em queda no Brasil e na Rússia.

Müller reiterou que o grupo VW acrescentará 20 novos veículos elétricos e híbridos à sua linha de produtos até 2020. A companhia está apresentando um conceito para a versão híbrida de seu SUV Tiguan reformulado no salão de Detroit. A produção de uma versão atualizada e com um novo design do Tiguan começou na semana passada.

A VW está investindo cerca de US$ 900 milhões na produção de um novo SUV de médio porte na fábrica de Chattanooga, Tennessee, nos EUA, para atender melhor às preferências dos consumidores americanos. As vendas da VW melhoraram na Europa e na China nos últimos anos, mas ficaram muito atrás das concorrentes internacionais nos EUA.

"A Volkswagen precisa aprofundar mais sua compreensão dos Estados Unidos", disse Müller.