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SpaceX e Orbital ATK dividem contrato de US$ 14 bi com estreante

Julie Johnsson e Dana Hull

15/01/2016 09h34

(Bloomberg) -- Elon Musk enfrenta um novo desafio com uma estreante que possui um foguete espacial reutilizável depois que a Nasa dividiu um contrato de carga avaliado em até US$ 14 bilhões entre a sua empresa SpaceX, a Orbital ATK e a menos conhecida Sierra Nevada.

A SpaceX e a Sierra Nevada estão na vanguarda das empresas que buscam reutilizar foguetes caros com o objetivo de reduzir os custos para que os voos espaciais se tornem mais acessíveis para os consumidores. A Sierra Nevada está desenvolvendo um veículo orbital com asas chamado Dream Chaser que pousaria em pistas comerciais após as missões, enquanto a cápsula Dragon, da SpaceX, buscará, dentro de alguns anos, pousar na vertical em vez de cair nos oceanos.

A inovação espacial promovida por empresas privadas e não por governos foi uma meta do governo Obama. O acordo mais recente abrange missões para o laboratório orbital por um período de seis anos que começa no fim de 2019, disse a Nasa na quinta-feira. As concessões estão saindo em um momento no qual a agência espacial trabalha para promover as missões comerciais e o Congresso clama pelo fim da dependência dos EUA em relação aos motores de foguetes importados.

"O anúncio de hoje é um acordo importante que voltará a visão do presidente mais para o futuro", disse o administrador da Nasa, Charles Bolden, em um comunicado.

O valor total dos contratos dependerá dos tipos de missões pedidas, mas provavelmente ficará bastante abaixo do máximo, disse Kirk Shireman, gerente de programas da Estação Espacial Internacional, em entrevista coletiva no Centro Espacial Johnson, em Houston. Cada fornecedor realizará um mínimo de seis missões.

O Dream Chaser, da Sierra Nevada, deverá ganhar destaque com o contrato e ao mesmo tempo dará um novo giro no conceito de foguete espacial reutilizável defendido por Musk. A SpaceX realizou com sucesso o voo de um foguete de 14 andares do limite do espaço até uma plataforma de lançamento na Flórida, em dezembro, e desenvolveu uma tecnologia semelhante de aterrissagem vertical para suas cápsulas Dragon.

Pistas comerciais

Criada como uma prima menor do foguete espacial, a versão da Dream Chaser para cargas terá asas dobráveis que lhe permitem decolar sobre um foguete e é protegida por carenagens de lançamento padronizadas. Essa é a proteção mais dura que cai quando o foguete chega ao espaço. Diferentemente do veículo lançador, a nave da Sierra Nevada é produzida com materiais não tóxicos, o que lhe permitiria pousar na chegada de missões espaciais em pistas comerciais padronizadas.

O Dream Chaser tornaria mais fácil para os cientistas trazer rapidamente amostras de pesquisa sensíveis para a Terra, porque sua reentrada seria realizada em um ângulo menos desgastante em relação às forças gravitacionais do que o das cápsulas, disse Julie Robinson, cientista-chefe da estação.

A Sierra Nevada, que tem sede nos arredores de Reno, Nevada, nos EUA, é de propriedade do casal Fatih e Eren Ozmen, empreendedores turco-americanos que adquiriram a empresa em 1994.

Voos tripulados

A empresa também apresentou proposta para realizar os primeiros voos comerciais tripulados para a estação espacial, mas sua oferta perdeu para as da Boeing e da SpaceX no fim de 2014.

"A SNC se sente honrada por haver sido selecionada pela Nasa para esse importante programa americano", disse Eren Ozmen, presidente da Sierra Nevada. Ela disse que a empresa está "ansiosa para mostrar a grande capacidade do foguete espacial Dream Chaser para o mundo".

A adição de uma terceira contratada proporciona à Nasa uma proteção maior contra desastres. A SpaceX e a Orbital paralisaram suas operações após perderem foguetes em missões de carga. Uma explosão ocorrida em outubro de 2014, logo após o lançamento, destruiu um foguete Orbital Antares carregado com cargas para a estação espacial. Em junho, um SpaceX Falcon 9 explodiu minutos após o lançamento de um voo com destino ao laboratório orbital.

A dependência da estação espacial em relação a foguetes russos e japoneses, enquanto as naves americanas estavam paradas, ressalta a "imediata e urgente necessidade de uma supervisão apropriada e de uma ação corretiva", disseram os senadores republicanos Cory Gardner, do Colorado, e David Vitter, da Louisiana, em uma carta, em 1o de setembro, exortando o Escritório de Responsabilidade Governamental dos EUA (GAO, na sigla em inglês) a avaliar as cápsulas e os serviços de lançamento contratados pela Nasa.