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Agitação nos mercados atrapalha venda de títulos da Argentina

Daniel Cancel

21/01/2016 11h53

(Bloomberg) -- O otimismo dos investidores em bonds inspirado pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, está demonstrando que não pode competir com a angústia que agita os mercados financeiros, dos EUA à China.

A Argentina não vendeu nenhuma de suas notas denominadas em dólares para 2020 em um leilão voltado aos investidores locais realizado na quarta-feira, dia em que o Dow Jones Industrial Average perdeu mais de 560 pontos antes de conter os prejuízos. A Argentina havia planejado emitir cerca de US$ 1 bilhão em títulos em uma venda e swap de dívidas com autorização máxima para US$ 5 bilhões, em parte para capitalizar a crescente demanda por suas dívidas após a eleição de Macri, em novembro.

"Foi um dia difícil internacionalmente para tentar vender dívida", disse Alejo Costa, estrategista-chefe da Puente, corretora com sede em Buenos Aires. "Parece que o governo não estava disposto a pagar os yields mais elevados que estão sendo exigidos pelo mercado".

A venda fracassada mostra como o aumento da turbulência nos mercados financeiros globais pode tornar mais difícil a tarefa de Macri de reanimar a economia da Argentina e ajudar o país a reconquistar o acesso aos mercados internacionais de crédito pela primeira vez desde 2001.

Um assessor de imprensa do Ministério das Finanças disse a repórteres na quarta-feira, em Buenos Aires, que o leilão vazio mostrou que a demanda por dólares entre os investidores locais já foi em grande parte atendida.

O ministério das Finanças também disse na quarta-feira que investidores trocaram US$ 444 milhões em bonds do país para 2017 por dívidas do governo com vencimento em 2020.

'Oferta ruim'

Jorge Piedrahita, CEO da corretora Torino Capital em Nova York, disse que os termos do swap não foram atraentes o suficiente para seduzir mais investidores.

O governo havia oferecido notas Bonar 2020 a 96 centavos para cada 100 centavos em notas Bonar 2017 juntamente com um pagamento em dinheiro pelos juros futuros.

"A oferta foi bastante ruim", disse Piedrahita por telefone. "O mercado global jogou contra o governo. Ele simplesmente ainda não parou de cair e isso não ajudou".