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Títulos de petroquímicas do México perdem com queda do petróleo

Sebastian Boyd

27/01/2016 13h08

(Bloomberg) -- Para os investidores em títulos das empresas petroquímicas do México, o colapso do petróleo é uma fonte de prejuízos, não de alívio.

À primeira vista, a queda deveria significar um declínio significativo do custo de derivados como o etileno e o nafta, usados pelas empresas Alpek, Grupo Idesa e Mexichem para produzir todo tipo de produto, desde tubos de plástico até inaladores para asma e poliéster para roupas.

Mas com o declínio dos preços do petróleo, as vendas das empresas provavelmente também sofrerão porque os clientes adiam as compras de produtos petroquímicos para esperar por preços mais baixos, disse a agência de classificação de risco Fitch Ratings.

Esse temor está se refletindo no mercado de títulos já que US$ 3,15 bilhões em dívidas das três produtoras perderam 1,8% neste mês mesmo com a queda do preço do petróleo ao nível mais baixo em 12 anos. Isso é mais que o prejuízo médio de 1,2% dos títulos corporativos dos mercados emergentes.

"Eles estão em uma posição difícil", disse Michael Roche, estrategista da Seaport Global Holdings em Nova York. "Os preços dos insumos deles podem estar caindo, mas há uma deflação nesse setor".

Das três, a Idesa pode ser a mais vulnerável aos caprichos dos preços do petróleo. Seus principais produtos são precificados de acordo com o nafta, mas sua base de custo é o gás etano, segundo Gilberto Gonzalez, analista da Fitch. O preço do etano caiu 25% desde o fim de setembro, enquanto o petróleo teve um declínio de 35%.

Para piorar, estes custos são fixados em dólares, enquanto cerca de 90% das receitas da Idesa vêm do México, onde o peso atingiu uma mínima recorde em 21 de janeiro.

A Idesa, que tem sede na Cidade do México, não respondeu a um pedido enviado por e-mail na terça-feira (26), durante o horário comercial, para comentar sobre seus bonds.

A Alpek, uma unidade da Alfa, que tem sede em San Pedro Garza García, no México, disse em outubro que suas vendas caíram 18% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior porque os clientes adiaram as decisões de compra até os preços caírem o suficiente para refletir o declínio do petróleo.

Um representante do setor de relações com investidores da Alfa não respondeu a um pedido de comentário sobre o desempenho dos títulos da Alpek enviado na terça-feira, em horário comercial.

A Mexichem, que tem sede em Tlalnepantla, México, também tem custos em dólares e vende para países onde a taxa de câmbio caiu. A América Latina, que viu a desvalorização de moedas como o peso colombiano e o real, responde por cerca de 45% da receita da empresa, segundo Gonzalez, da Fitch. A Mexichem é a maior fabricante de tubos de plástico da região.

"A maior parte do negócio de tubo de plástico" da Mexichem "está em moeda local", disse Gonzalez. "Por isso, um dólar forte não é algo muito bom para eles".

A Mexichem não respondeu a um pedido de comentário sobre seus bonds enviado por e-mail.