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Colapso do turismo no Egito esvazia praias e pirâmides

02/02/2016 15h05

Ahmed Feteha (Bloomberg) - A suspeita de que uma bomba derrubou um avião de passageiros russo na Península do Sinai está prejudicando o turismo egípcio como cinco anos de turbulência política não conseguiram.

Cerca de um milhão de turistas visitaram o Egito em novembro e dezembro, uma queda de 41 por cento em relação ao ano anterior e sendo o número mais baixo durante esses meses mais ativos desde pelo menos 2005, segundo dados compilados pela Bloomberg. O turismo não foi tão fraco assim nem sequer em novembro e dezembro de 2013, quando confrontos mortais entre forças de segurança e simpatizantes islamitas eram registrados quase diariamente.

"Não se pode chamar o que está acontecendo de queda, é um colapso", disse Amani El-Torgoman, membro do conselho da Federação Egípcia de Turismo. "Definitivamente há uma reação exagerada ao acidente de avião e é devastadora".

A queda da receita turística desde o acidente ocorrido no dia 31 de outubro está complicando as iniciativas para gerar um rali na economia. Uma escassez de moeda estrangeira foi culpada pela contração da atividade comercial não petrolífera do país em nove dos doze meses do ano passado, o que gerou um debate sobre se as autoridades deveriam desvalorizar a moeda e correr o risco de alimentar a inflação.

Receita

O turismo gerou US$ 7,3 bilhões para o Egito no ano fiscal que termina no dia 30 de junho, equivalente ao valor de cerca de 12 por cento das importações de bens feitas pelo país. O número se compara com um recorde de US$ 12,5 bilhões em 2010, um ano antes da saída do presidente Hosni Mubarak.

A queda do avião pouco depois de decolar de Sharm El-Sheikh, o resorte no Mar Vermelho, levou países como a Rússia e o Reino Unido a restringir os voos para o Egito pela suspeita de que o avião foi derrubado por um atentado adjudicado pelo Estado Islâmico. Isso acabou com uma recuperação nascente no turismo dos golpes recebidos após a derrubada de presidentes em 2011 e 2013. O setor nunca voltou para o pico de 2010, quando recebeu cerca de 15 milhões de visitantes.

"A razão para a queda do turismo é clara, nossos maiores mercados impuseram restrições às viagens para o Egito", disse Ahmed Hamdy, vice-presidente da Autoridade Turística do Egito. "Estamos tentando recorrer a novos mercados como a Bulgária, a República Tcheca, a Polônia, países latino-americanos, a Índia e a China".

Distinção

Ele disse que o governo também está trabalhando para reviver o turismo árabe e as viagens domésticas.

O fator que tem distinguido o atual temor pela segurança dos anteriores é que ele tem afetado áreas que tinham recebido muitos viajantes mesmo em épocas de problemas políticos, disse El-Torgoman.

"Depois de 2011, os turistas deixaram de visitar o Cairo, Luxor e Aswan porque eram áreas vistas como inseguras", disse. "Mas o turismo de praia estava indo bem. Agora isso também está prejudicado. Sharm El-Sheikh se transformou em uma cidade fantasma. É simplesmente triste".