Carney vê um mundo implacável com perspectivas menores de inflação
(Bloomberg) - Mark Carney citou uma economia global turbulenta quando o Banco da Inglaterra (BOE) cortou sua previsão de inflação mais uma vez e o único responsável por política econômica que estava defendendo taxas de juros mais elevadas mudou de ideia.
O presidente do BOE disse que a inflação será, em média, de apenas 0,8 por cento este ano, jogando o objetivo de 2 por cento para 2018. Enquanto os investidores veem agora uma chance de um corte de juros este ano, Carney descartou a ideia, dizendo que é "mais provável" que o próximo passo será um aumento dos atuais 0,5 por cento, um recorde de baixa.
"Como uma das economias mais abertas do mundo, a do Reino Unido não pode deixar de ser afetada por um ambiente global implacável e a contínua turbulência do mercado financeiro", disse à imprensa em Londres. "Vamos fazer a coisa certa no momento certo com os juros".
Carney falou depois que o Comitê de Política Monetária (MPC) votou 9-0 para manter os juros iguais, com Ian McCafferty inesperadamente abandonando a defesa de aumento dos custos de empréstimos, algo que fazia desde agosto. Os preços do petróleo em queda e a desaceleração do crescimento mundial decorrentes da deterioração da economia chinesa estão pesando na inflação no Reino Unido, aumentando as preocupações que incluem fraqueza no crescimento dos pagamentos.
A libra foi negociada a US$ 1,4591 às 15h47, horário de Londres, uma queda de 0,1 por cento em relação a ontem. A moeda ficou 0,7 por cento mais fraca em relação ao euro, em 76,56 centavos de libra.
"O MPC julga os riscos de que a projeção central seja desviada um pouco para baixo no curto prazo, refletindo a possibilidade de uma maior persistência da inflação baixa", disse o comitê na quinta-feira. "A inflação baixa continuará a moderar o aumento da pressão sobre os salários no curto prazo".
Enquanto a decisão sobre a taxa de juros foi prevista por todos os economistas em uma pesquisa da Bloomberg, a mudança de voto de McCafferty foi prevista por apenas três dos 25 entrevistados.
"Pela incerteza global e sinais de que as pressões dos custos internos não estão crescendo de forma rápida, McCafferty não vê nenhuma necessidade de aumentar as taxas agora", disse Paul Hollingsworth, economista da Capital Economics em Londres. "Poderíamos vê-lo reintroduzir seu voto quando a inflação chegar a cerca de 1 por cento no final do ano e, potencialmente, depois de um referendo sobre a União Europeia, assumindo que isso vai acontecer em junho".
Os bancos centrais de todo o mundo estão deliberando como lidar com uma desaceleração dos preços ao consumidor. O Federal Reserve dos EUA sinalizou que pode realizar um aumento dos juros em março e o Banco do Japão introduziu taxas negativas. O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, cuja instituição está considerando um novo impulso em março, disse na quinta-feira que os responsáveis pelas políticas econômicas não devem se "entregar" à inflação baixa.
Funcionários do BOE disseram que os mercados emergentes tendem a crescer "mais lentamente do que nos últimos anos" e viram riscos negativos para a economia mundial. Apostas nas taxas
Enquanto o BOE sinalizou que um aumento dos juros ainda está um pouco distante, a previsão do MPC mostra o aumento da inflação acima da meta de 2 por cento em dois anos. Carney ressaltou que as autoridades estão tentando que a inflação volte ao objetivo e fique aí, e disse que os custos de empréstimo mais elevados são prováveis em três anos.
Funcionários veem a inflação, que ficou em 0,2 por cento em dezembro, em 1,2 por cento no primeiro trimestre do próximo ano, ante uma projeção de 1,5 por cento em novembro. Está previsto um aumento gradual dos preços depois disso, chegando a 2,1 por cento no primeiro trimestre de 2018 e 2,2 por cento um ano mais tarde.
Salários moderados
O crescimento dos salários também foi revisto para baixo, com o MPC vendo aumentos salariais de 3 por cento este ano, em comparação com uma previsão de 3,75 por cento em novembro.
Também reduziu suas expectativas de crescimento, prevendo uma expansão de 2,2 por cento este ano, menor que os 2,5 por cento em novembro. O MPC vê crescimento de 2,4 por cento em 2017 e 2,5 por cento em 2018.
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