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Venezuela deve continuar como economia mais miserável do mundo

Catarina Saraiva e Michelle Jamrisko

04/02/2016 16h01

(Bloomberg) -- Com a inflação fora de controle, a Venezuela provavelmente manterá o posto de economia mais miserável pelo segundo ano consecutivo.

A inflação anual galopante de 98,3% na média no ano passado e o desemprego de 6,8% deram ao país sul- americano a liderança no Índice de Miséria 2015. Sem luz no fim do túnel para os problemas econômicos da Venezuela - pesquisas da Bloomberg projetam aumento dos preços ao consumidor de 152% e desemprego de 7,7% na média -, os economistas ouvidos para o cálculo do índice em 2016 esperam que o país continue sendo o mais infeliz.

O ranking de 63 economias é estimado pela soma das taxas de desemprego e inflação e uma pontuação maior indica mais miséria. O índice calculado pela Bloomberg para a Venezuela em 2016, de 159,7 pontos, é quatro vezes maior do que o da segunda colocada, a Argentina.

A queda global dos preços do petróleo tem sido especialmente destrutiva para a Venezuela, onde o petróleo representa 95% das exportações.

O presidente Nicolás Maduro, que declarou "emergência econômica", disse a parlamentares no mês passado que era hora de elevar os preços da gasolina e que ajustaria as taxas de câmbio fixas. A gasolina nos postos da Venezuela é a mais barata do mundo e os preços de artigos de uso diário e de luxo estão subindo - um jantar para dois em um bom restaurante pode custar mais do que um salário mínimo.

Enquanto isso, o novo ministro da Economia de Maduro afirmou que o aumento de preços não existe na "vida real" e culpou os empresários por especulação, usura e acumulação de recursos.

Na Argentina, as autoridades estão reestruturando o instituto nacional de estatísticas e decidiram não divulgar alguns indicadores econômicos enquanto o processo não estiver concluído, após acusações de divulgarem dados duvidosos durante anos.

Enquanto Venezuela e Argentina enfrentam a inflação, os outros três países do topo da lista de economias mais infelizes em 2016 tentam desesperadamente conter o desemprego: África do Sul, Grécia e Ucrânia.

Em outras partes do mundo, o panorama não é tão ruim. Houve histórias de sucesso no ano passado, com a Polônia caindo para o 42º lugar, comparado a uma projeção inicial de 19º no começo de 2015, graças em parte ao desemprego menor do que o esperado. Mas a Polônia pode subir no índice de miséria em 2016, diante da perspectiva fiscal e econômica cada vez mais incerta (incluindo possível rebaixamento da classificação de risco de crédito) causada pelas onerosas promessas de campanha do novo partido no poder.

A lista de economias mais felizes será parecida com a do ano passado. A Tailândia permanecerá como a menos miserável, em parte graças a questões estruturais que permitem contar um número maior de pessoas como empregadas. Cingapura vai estrear na segunda posição, após a disponibilização recente de dados para a pesquisa. Suíça, Taiwan e Japão se manterão entre as cinco economias mais felizes, como em 2015.

O caso da Suíça é um alerta aos fãs do índice de miséria: os suíços continuarão aproveitando o baixo desemprego, mas os economistas preveem queda dos preços ao consumidor neste ano. Descontos podem ser ótimos para os consumidores, mas também podem sinalizar problemas mais profundos na economia. O país ainda tenta manter a estabilidade da moeda após abandonar o limite cambial no ano passado.

Economistas esperam sinais de melhora na Rússia, Romênia e Irlanda - cada um desses países atingirá uma posição mais favorável neste ano, de acordo com a pesquisa. Após uma retração econômica de 3,7% em 2015, devido à queda de preços do petróleo e ao gasto contido do consumidor por causa da inflação, a Rússia - maior exportadora mundial de energia - deve ter recuperação gradual em forma de "L" e registrar crescimento anual de 1,3% em 2017.

Os cálculos para o índice de miséria utilizaram estimativas medianas das pesquisas econômicas da Bloomberg dos últimos três meses. Dados de inflação e desemprego em 2015 refletem a média ao longo do ano e utilizam os dados mais recentes disponíveis para cada país.