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Alemanha mantém ímpeto e resiste à turbulência global

Alessandro Speciale e Jeanna Smialek

12/02/2016 13h56

(Bloomberg) - A economia da Alemanha manteve seu impulso no final de 2015, mostrando resistência em meio à desaceleração dos mercados emergentes, que aumentou os temores em relação ao crescimento global e derrubou as ações neste ano.

O PIB aumentou 0,3% com ajustes sazonais nos três meses encerrados em 31 de dezembro, semelhante à taxa do trimestre anterior, disse o Escritório Federal de Estatísticas em Wiesbaden na sexta-feira.

O aumento está alinhado às estimativas de economistas em uma pesquisa da agência de notícias Bloomberg. A economia cresceu 1,5% ajustado ao calendário em 2015.

A confiança dos empresários alemães caiu nos últimos dois meses, e uma queda nas ações internacionais levou o indicador de referência da Europa para seu ponto mais baixo desde 2013.

Embora os bancos centrais de todo o mundo estejam cortando as taxas de juro e do Banco Central Europeu pense em aumentar o estímulo, a incerteza elevada está pesando sobre as perspectivas para a Alemanha, a maior economia da zona do euro.

"A economia alemã terminou o ano com um desempenho de crescimento adequado", disse Carsten Brzeski, economista-chefe do ING-Diba em Frankfurt.

"2016 poderia ser mais desafiador" porque "além dos fatores de risco conhecidos, como a desaceleração da China e dos mercados emergentes ou uma zona do euro ainda lutando para sair da crise, os preços baixos do petróleo e a possível fraqueza da economia dos EUA poderiam criar um momento difícil para a economia alemã".

O crescimento do quarto trimestre foi impulsionado pela demanda interna, e os gastos do governo aumentaram "significativamente" devido à crise dos refugiados, de acordo com o relatório.

O investimento, em especial a construção, também melhorou, enquanto o comércio foi um peso para a economia porque as exportações desaceleraram mais que as importações.

A demanda interna foi apoiada pela queda do petróleo e porque inflação que continuou fraca apesar da expansão do programa de estímulo do BCE. O desemprego alemão alcançou o recorde de baixa e os salários reais cresceram 2,5% em 2015, o maior aumento desde 2008.

Fundamental para a região

Ao mesmo tempo, a indústria está mostrando sinais de desaceleração, com uma diminuição de 1,2% da produção em dezembro e os medidores da indústria em queda em janeiro.

Mesmo assim, "o aumento significativo nos pedidos dentro e fora do país, que está em linha com a melhoria das perspectivas de negócios e a recuperação mais recente das expectativas de exportação, sinais de que a manufatura está prestes a ganhar ritmo", disse o Bundesbank em janeiro.

O Commerzbank, segundo maior banco da Alemanha, informou nesta sexta-feira lucros no quarto trimestre que superaram as estimativas dos analistas. Ainda assim, o banco advertiu sobre um ano "desafiador" à frente "devido ao ambiente geopolítico e macroeconômico".

As ações mundiais mostraram sinais de alívio na sexta-feira depois de uma semana turbulenta, em que as ações europeias abriram em alta depois que o petróleo subiu em relação ao preço mais baixo em 12 anos.

O Stoxx Europe 600 Index se recuperou de seu fechamento mais baixo desde setembro de 2013 e o índice de referência DAX, da Alemanha, avançou 1,2% para 8.854,55 às 10h02, horário de Frankfurt.

"A Alemanha não é tão dependente da demanda global como antes", disse Johannes Mayr, economista sênior do Bayerische Landesbank em Munique, antes do relatório.

"O consumo privado é agora o impulsionador mais importante do crescimento econômico na Alemanha, e isso é uma notícia importante porque faz com que a economia alemã esteja muito mais robusta contra problemas na economia global".

A recuperação econômica da Alemanha é fundamental para que a zona do euro continue se recuperando em meio ao crescimento global mais lento.

Os números do crescimento para o bloco monetário de 19 países devem ser publicados pelo Eurostat às 11 horas, horário de Luxemburgo. Economistas em outra pesquisa da Bloomberg preveem uma expansão de 0,3%.

A França, segunda maior economia da região, disse em janeiro que a expansão desacelerou para 0,2%.

A Itália, terceira maior economia da região, cresceu 0,1% no quarto trimestre, menos que as expectativas dos economistas e o ritmo mais lento em um ano.

Os dados podem gerar temores de que a recuperação depois da recessão mais longa do país desde a Segunda Guerra Mundial poderia vacilar nos próximos meses.