Minério de ferro se recupera e fica acima de US$ 50
(Bloomberg) -- O minério de ferro, bode expiatório das commodities no ano passado, quando a oferta mundial superava a demanda, voltou a subir para mais de US$ 50 por tonelada.
Nesta segunda-feira, o minério com 62 por cento de conteúdo registrou um aumento de 6,2 por cento, para US$ 51,52 a tonelada seca, nível mais alto desde 27 de outubro, segundo a Metal Bulletin. A commodity subiu 18 por cento neste ano após ter caído para US$ 38,30 em dezembro, patamar mais baixo em mais de seis anos.
"Há um pouco mais de otimismo no ar -- uma clara diferença em relação a novembro e dezembro, quando a atmosfera era de cemitério", disse Philip Kirchlechner, diretor da Iron Ore Research Pty em Perth, por e-mail, antes da divulgação dos números. Embora fosse difícil prever os preços, uma faixa entre US$ 45 e US$ 55 parecia razoável para o primeiro semestre, disse ele.
A recuperação deste ano contrasta com a queda de 39 por cento do ano passado, quando a produção crescente das maiores mineradoras, incluindo Rio Tinto Group, BHP Billiton e Vale, provocou uma fartura em meio à queda da demanda do aço na China. Em 2016, os preços avançaram porque as siderúrgicas chinesas começaram a ampliar a produção de aço após o recesso do ano-novo lunar, em fevereiro, enquanto as mineradoras da parte continental do país reduziram sua oferta, diminuindo a concorrência em relação ao minério transportado por via marítima.
'Principal fator'
"Um dos principais fatores é a retirada da produção chinesa de minério de alto custo", disse Kirchlechner, ex-representante-chefe para o minério de ferro da Rio Tinto em Xangai. "Há certo entusiasmo, em parte pela demanda por aço para construção. A construção deverá ganhar força novamente quando o clima melhorar".
Os preços subiram também devido ao relaxamento do ritmo das exportações dos principais fornecedores. As remessas saindo de Port Hedland, na Austrália, o maior terminal de exportação de granéis a operar cargas da BHP e da Fortescue Metals Group, caíram 10 por cento em janeiro em relação a dezembro. No Brasil, a Vale informou na semana passada que despachou um volume menor no quarto trimestre que nos três meses anteriores. A BHP e a Vale também perderam a produção de uma joint venture, a Samarco Mineração, após o rompimento de barragens ocorrido em novembro.
Na China, que responde por cerca de 50 por cento da oferta global de aço, os preços de referência do aço também subiram, reforçando as margens das siderúrgicas. O vergalhão, um tipo de aço usado na construção, fechou a 1.962 yuans (US$ 301) a tonelada na segunda-feira após encerrar em uma baixa recorde de 1.626 yuans em novembro.
Banco Mundial
O renascimento do minério de ferro até esta altura de 2016 contrasta com as projeções de mais prejuízos em um momento de expectativa de nova redução da produção de aço da China e de aumento da oferta de baixo custo. O Banco Mundial projetou que os preços poderão registrar a maior queda entre os metais neste ano e a Sucden Financial disse neste mês que os ganhos recentes poderiam ser passageiros.
Em janeiro, o Citigroup levantou a possibilidade de que o minério de ferro caia para menos de US$ 30 a tonelada e o Goldman Sachs Group disse que os preços permanecerão abaixo de US$ 40 até 2018. No início deste mês, o Australia New Zealand Banking Group projetou que o minério cairá para US$ 35 no final de março.
A recuperação ocorre em um cenário de estoques portuários elevados na China. O total armazenado subiu para 95,55 milhões de toneladas na sexta-feira, maior nível desde maio de 2015, e caminha para um sexto aumento mensal, segundo os dados semanais compilados pela Shanghai Steelhome Information Technology.
Horas antes que o minério de ferro voltasse a custar mais de US$ 50, a maior siderúrgica da Austrália informou que devido à perspectiva de uma oferta mineral mais elevada e de novos fechamentos de siderúrgicas, o mais provável era que os preços caíssem em vez de subirem. "Mais siderúrgicas vão fechar", disse Paul O'Malley, CEO da BlueScope Steel.
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