Inflação volta a cair na zona do euro e decepção aumenta
(Bloomberg) - A inflação da zona do euro parece estar esfriando mais do que o esperado.
Os preços em três das quatro maiores economias da região ficaram abaixo das estimativas e fortaleceram o argumento de que o Banco Central Europeu expandirá o estímulo monetário em março.
Os preços ao consumidor caíram na Alemanha, na França e na Espanha no período de um ano até fevereiro, mostraram dados nesta sexta-feira.
Na Alemanha, a taxa de inflação harmonizada com a União Europeia desacelerou para -0,2%, em comparação com a previsão de que ela não sofreria mudanças em uma pesquisa da agência de notícias Bloomberg.
A taxa anual caiu 0,1% na França, em comparação com a projeção de um aumento de 0,1%. Os preços na Espanha caíram 0,9%, em comparação com um declínio estimado de 0,6%.
O BCE revisará e, possivelmente, flexibilizará sua política monetária na reunião do dia 10 de março, na tentativa de reanimar o crescimento dos preços no bloco monetário em meio à crise do petróleo e ao enfraquecimento da economia mundial.
inflação para a região de 19 países ficou abaixo da meta do BCE, de pouco menos de 2%, durante quase três anos, e é provável que os dados que serão publicados na próxima semana mostrem que a taxa voltou a cair para zero.
"O declínio da inflação em toda a região poderia ser ainda mais acentuado do que se espera", disse Johannes Gareis, economista da Natixis, em Frankfurt. "Os dados transmitem uma mensagem clara para o BCE, e a única dúvida que resta é quão ousada será a medida".
O euro recuou depois da publicação dos dados da Alemanha e apresentava uma queda de 0,1%, a US$ 1,1012 às 14h26, horário de Frankfurt.
Os títulos governamentais da Alemanha com vencimento em 10 anos caminham para o sexto aumento semanal em meio à especulação de que o BCE agirá em março.
O rendimento sobre os títulos era de 0,15% nesta semana, uma queda de seis pontos-base, e chegou a 0,13% na quarta-feira, o valor mais baixo desde abril.
Ganhos dos títulos
Uma primeira leitura da inflação da zona do euro em fevereiro será publicada na segunda-feira, e os resultados iniciais de uma pesquisa mostram que os economistas preveem que os preços tenham estagnado, em comparação com um avanço de 0,3% em janeiro.
Algumas estimativas foram enviadas depois da publicação dos dados desta sexta-feira. As autoridades monetárias do BCE alertaram que o crescimento dos preços poderia se tornar negativo no primeiro semestre do ano.
A inflação alemã agora é a mais lenta em 13 meses, a da França é a mais fraca em um ano, e a taxa espanhola é a mais baixa em cinco meses.
Outros dados publicados nesta sexta-feira mostraram que a confiança econômica na zona do euro caiu pelo segundo mês consecutivo em fevereiro, chegou ao ponto mais fraco desde junho e também ficou abaixo das estimativas.
Apesar do declínio contínuo dos preços ao consumidor na Espanha, o atual ministro da Economia, Luis de Guindos, disse várias vezes que não existe o risco de que uma espiral deflacionária tome conta do país, argumentando que, em vez disso, os preços mais baixos vão aumentar o poder de compra e estimular o consumo.
Mesmo assim, o BCE terá que levar em conta o risco de que as expectativas de inflação fraca se tornem enraizadas, o que deprimiria os salários e abalaria a disposição dos consumidores para gastar.
"Parece que há mais probabilidade de que a zona do euro tenha voltado à deflação em fevereiro", disse Howard Archer, economista da IHS em Londres. "A pressão por um estímulo apreciável do BCE em março aumentou".
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