Próxima crise grega passaria despercebida no mercado de bonds
(Bloomberg) -- Se a Grécia acabar caminhando para outra crise, não conte com um aviso prévio do mercado de bonds do país desta vez.
A Grécia está lidando com um afluxo crescente de refugiados, outro impasse a respeito do financiamento e mais distúrbios políticos. Embora o mercado seja de alto risco e ilíquido, seus bonds pintam um quadro ligeiramente diferente: eles apresentaram o melhor desempenho da zona do euro na última semana, dando um retorno de quase 6 por cento.
"A Grécia é praticamente terra de ninguém", disse George Zois, diretor de dívidas distressed da Exotix Partners em Londres. "A tendência é que alguns hedge funds ainda acreditem que o país possa acabar sendo uma das melhores ideias para se ganhar dinheiro neste ano, mas eles são uma minoria".
Com a pressão crescendo de todos os lados sobre o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras, a Grécia começa a exigir mais atenção um ano depois de o impasse com o restante da zona do euro colocar o país à beira da saída do bloco da moeda única. A Europa agora pode se desfazer, com as rodovias gregas até recentemente bloqueadas por agricultores que protestavam contra as mudanças previdenciárias preenchidas agora por colunas de imigrantes retidos pelos fechamentos de fronteiras.
Evitando o caos
Os bonds e as ações da Grécia registram os piores desempenhos do mundo em 2016, mas subiram recentemente. O yield dos bonds de 10 anos caiu 180 pontos base, para 9,77 por cento, desde que atingiu o nível mais alto em seis meses, em 12 de fevereiro. O índice acionário de referência ASE subiu 13 por cento na última semana.
Cerca de 25.000 refugiados estão atualmente retidos na Grécia e mais 1.000 chegam todos os dias, disse a porta-voz do governo grego, Olga Gerovasili, na terça-feira.
Os investidores também têm se mantido praticamente indiferentes em um momento em que a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional divergem em relação a como avançar com a última revisão para verificar se o país está cumprindo as condições de seu resgate.
"Os movimentos que vemos refletem movimentos mais amplos de aversão ao risco e de apetite para o risco", disse Ciaran O'Hagan, estrategista do Société Générale. "Obviamente os investidores estão preocupados com a crise dos refugiados, mas a que ponto essa crise impactará as variáveis financeiras é uma questão a se discutir".
Os alemães
A chanceler alemã Angela Merkel disse na segunda-feira que a discórdia a respeito de como lidar com os refugiados ameaça o euro. Antes disso, ela havia emitido um alerta aos demais países da UE por permitirem o avanço do "caos" na Grécia após lutarem para manter o país dentro do mercado comum.
O ministro das Finanças de Merkel, Wolfgang Schaeuble, indicou em uma conferência do Grupo dos 20, em Xangai, que a Alemanha pode estar pronta para conceder alguma liberdade à Grécia.
"A Grécia provavelmente será aprovada na revisão do resgate porque algumas medidas exigidas para 2017 e 2018 serão adiadas devido à crise dos refugiados", disse Theodore Pelagidis, pesquisador sênior da Brookings Institution.
Perguntas do FMI
A reunião de funcionários dos ministérios da economia da zona do euro e das instituições credoras da Grécia, na segunda-feira, não foi suficiente para acabar com a discórdia em relação às reformas fiscal, tributária e previdenciária necessárias para que a Grécia cumpra sua meta orçamentária, segundo três pessoas com conhecimento das negociações. Em entrevista na televisão grega, Tsipras culpou o FMI pelo atraso, reiterando que os credores precisam primeiro chegar a um consenso entre si.
A Grécia precisa de um programa "para somar" que impeça que a adesão do país ao euro seja questionada futuramente, disse Poul Thomsen, chefe do departamento europeu do Fundo Monetário Internacional, em uma postagem de blog no mês passado.
Tsipras, 41, precisará submeter qualquer medida acordada a um Parlamento formado por 300 membros no qual ele tem maioria garantida por apenas três legisladores. Pesquisas de opinião colocaram o principal partido de oposição, o Nova Democracia, à frente depois de eleger Kyriakos Mitsotakis como novo líder, no início do ano.
"O cenário de base é que os parlamentares do partido Syriza vão aprovar a reforma previdenciária por medo de perder poder", disse Pelagidis, da Brookings. "Mas nesse período político denso a imagem de Tsipras foi manchada e ferida".
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