Projetos das OlimpÃadas do Rio são citados na Lava Jato
(Bloomberg) -- A PolÃcia Federal e os procuradores da Lava Jato investigam possÃveis pagamentos de propinas relacionados a dois projetos bilionários dos Jogos OlÃmpicos de 2016, no Rio de Janeiro, segundo documentos judiciais.
A linha 4 do metrÃ? do Rio e o Porto Maravilha, projeto de renovação urbana na área portuária do centro da cidade, foram citados em uma lista de obras que podem ter recebido recursos ilÃcitos de executivos do grupo Odebrecht como parte de um vasto esquema de subornos investigado na operação Lava Jato, disseram as autoridades nesta terça-feira. A Odebrecht informou em comunicado postado em seu site ter se decidido por uma âcolaboração definitivaâ com investigadores.
A polÃcia brasileira executou 15 prisões e 28 mandados de apreensão na terça-feira relacionados ao setor de âOperações Estruturadasâ da Odebrecht, descrito pelas autoridades como um departamento especializado em propinas. O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, cumpre sentença de 19 anos de prisão por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
âHavia, sim, funcionários especificamente dedicados a essa função de pagamentos de propinasâ, disse a procuradora Laura Gonçalves em entrevista coletiva transmitida de Curitiba, onde o caso é investigado.
O esquema continuou por até cinco meses depois de a polÃcia prender o então presidente Marcelo Odebrecht, em junho. Existem âevidências contundentesâ de que Marcelo Odebrecht comandava o esquema, disse a PolÃcia Federal em um comunicado. O suposto esquema de propinas também incluiu um estádio em São Paulo que recebeu a partida de abertura da Copa do Mundo de 2014, um aeroporto no estado de Goiás e projetos em Angola e na Argentina, disseram investigadores na entrevista coletiva.
Registros eletrÃ?nicos de possÃveis pagamentos de propinas ligados à nova linha do metrÃ?, fundamental no transporte de fãs do distrito hoteleiro do Rio para os jogos, foram colhidos em operações anteriores na Odebrecht, segundo documentos judiciais. Planilhas mostram registros de R$ 2,5 milhões (US$ 698.000) em supostos pedidos de suborno relacionados à linha de metrÃ?. Os dados também incluem o nome e o endereço de quem supostamente coletaria o valor, que as autoridades disseram ser pago basicamente em dinheiro vivo.
Porto Maravilha
Outro gráfico mostra que R$ 1 milhão teriam sido pagamentos relacionados ao projeto de renovação urbana Porto Maravilha, no centro do Rio. A polÃcia usou os documentos como prova de que um grupo de executivos da Odebrecht criou um sistema eletrÃ?nico e um departamento especial para organizar as propinas para obras de diferentes áreas da empresa.
A Odebrecht disse em nota que a Lava Jato revelou âum sistema ilegal e ilegÃtimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do paÃsâ. Disse ainda não ter responsabilidade dominante sobre os fatos apurados nas investigações.
Os funcionários da Odebrecht alvos da ação policial de terça-feira são investigados e ainda não foram acusados. A força-tarefa de Curitiba por enquanto investiga os pagamentos, mas não as obras em si. A Lava Jato tem jurisdição para investigar apenas projetos que estejam conectados ao escândalo da Petrobras ou em caso de as leis federais serem violadas. Qualquer investigação sobre os projetos olÃmpicos seria realizada pelas autoridades do estado do Rio de Janeiro, disse o procurador Carlos Lima em entrevistas anteriores.
Marcelo Odebrecht foi condenado no dia 8 de março a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, disse o juiz Sérgio Moro em sentença.
Alcance internacional
O esquema de corrupção se espalhou pelas empresas estatais no Brasil e até mesmo por paÃses como o Peru. No Brasil, apoiadores e opositores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomaram as ruas nas últimas semanas após a condução coercitiva do fundador do PT, em São Paulo, no inÃcio do mês, para um interrogatório relacionado à investigação.
Marcelo Odebrecht é o neto do falecido Norberto Odebrecht, fundador do conglomerado de propriedade da famÃlia bilionária. A companhia, espalhada por mais de 20 paÃses, construiu o porto de Mariel em Cuba e o aeroporto de Miami e é a maior empregadora privada de Angola. A empresa é uma das principais doadoras das campanhas polÃticas no Brasil, segundo dados de um tribunal eleitoral.
TÃtulo em inglês: Olympic Projects Cited in Brazilâs Carwash Corruption Probe
--Com a colaboração de Yasmine Batista Para entrar em contato com os repórteres: Sabrina Valle Rio de Janeiro, svalle@bloomberg.net, Blake Schmidt em São Paulo, bschmidt16@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier
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