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Produtores de açúcar da África procuram novos mercados

Andre Janse van Vuuren e Tshepiso Mokhema

01/04/2016 15h16

(Bloomberg) -- As barreiras comerciais e a infraestrutura ruim estão impedindo o acesso dos produtores de açúcar da África subsaariana a regiões com pouco abastecimento no continente em um momento em que o iminente fim das cotas de importação da União Europeia os obriga a procurar novos mercados.

O acordo em vigor com a UE para acesso preferencial de produtores de açúcar da África, do Caribe e da região do Pacífico terminará em setembro de 2017, possivelmente privando os produtores de um maior acesso a um mercado livre de impostos. As exportações para a UE respondem por um quinto da produção anual atual da região subsaariana, de cerca de 7,5 milhões de toneladas, segundo o Cooperatieve Rabobank UA.

A África subsaariana consome mais açúcar do que produz, mas os agricultores poderão ter dificuldades para reduzir esse déficit. Os motivos: a infraestrutura insuficiente dificulta as entregas entre as regiões e os impostos de importação elevam o custo das vendas, disse Lindsay Jolly, economista sênior da Organização Internacional do Açúcar.

"A primeira pergunta é: há infraestrutura à disposição, rodovias comerciais ao longo da África?", disse Jolly, na quinta-feira, em conferência em Maputo, Moçambique. "A resposta é não. Os operadores menos competitivos podem ter que produzir menos".

Projeção de consumo

A África subsaariana consumirá 10,2 milhões de toneladas de açúcar em 2016, criando uma escassez de oferta de cerca de 2,4 milhões de toneladas na região, segundo a Organização Internacional do Açúcar. As vendas para a UE respondem pela vasta maioria das exportações da Maurícia e de Moçambique e por cerca de metade das vendas ao exterior da Suazilândia, disse Gareth Forber, chefe de pesquisa para o açúcar da LMC International, na conferência.

Embora a produção de açúcar da UE deva aumentar quando as medidas reformistas entrarem em vigor, no ano que vem, os produtores africanos ainda poderão vender para alguns mercados da região, especialmente do sul da Europa, disse Jack Marrian, chefe de negociação de açúcar para o sul e o leste da África na ED&F Man Holdings, em Maputo. As entregas a partir da África para essa região estão, em muitos casos, mais baratas do que as exportações oriundas do norte da Europa, que respondem pelo grosso da produção do continente, disse Marrian. Muitos produtores europeus produzem açúcar a partir da beterraba plantada no solo local.

A UE continuará comprando açúcar bruto africano, mas em menor quantidade, disse Ruud Schers, analista para o açúcar do Rabobank em Utrecht, Holanda, por telefone. "Isso significa que esses volumes precisarão ir para as residências de outros lugares".

Projetos atuais poderão elevar a produção açucareira da África subsaariana a 10 milhões de toneladas nos próximos seis anos, disse Schers. Embora o consumo global esteja crescendo a um ritmo anual de 1,5 por cento a 2 por cento, a demanda do continente poderá superar as 12,2 milhões de toneladas, cerca de 22 por cento a mais que o consumo atual, até 2020 e criar mais oportunidades para os produtores, disse ele.

Apesar da demanda crescente, alguns produtores poderão engavetar novos projetos em regiões onde há oferta abundante, disse Larry Riddle, diretor comercial da Illovo Sugar na África do Sul.

Novos setores

Os agricultores poderão investir em novos setores que criarão demanda para o seu produto, como a elaboração de etanol, disse Jose Orive, diretor-executivo da Organização Internacional do Açúcar, que tem sede em Londres, na conferência. Países como a Maurícia começaram a investir em infraestrutura de refino para diversificarem o negócio, indo além das exportações de açúcar bruto, disse Schers.

Os produtores africanos poderão encontrar novos compradores no continente se desbancarem parte do total de 1,5 milhão de toneladas a 2,5 milhões de toneladas de açúcar brasileiro, indiano e tailandês enviado às regiões leste e sul da África todos os anos, disse Forber, da LMC International.

"Para que isso aconteça, o acesso aos mercados será extremamente importante", disse Forber. "Depende muito do resultado dos acordos regionais de livre comércio".

Os contratos futuros do açúcar bruto caíram em mais da metade desde o início de 2011.

Título em inglês: Africa Sugar Growers Seen Unprepared for EU Import-Quota End

Para entrar em contato com os repórteres: Andre Janse van Vuuren em Johanesburgo, ajansevanvuu@bloomberg.net, Tshepiso Mokhema em Johanesburgo, tmokhema1@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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