Valeant corta equipe de vendas de pílula da libido, dizem fontes
(Bloomberg) -- A Valeant Pharmaceuticals International eliminou a equipe de vendas da pílula da libido feminina que a empresa adquiriu no ano passado por US$ 1 bilhão, disseram pessoas com conhecimento da situação. O medicamento, o Addyi, não conseguiu ganhar força em seus primeiros seis meses no mercado.
A Valeant planeja relançar seu esforço de vendas para o Addyi com uma equipe interna que montará nos próximos meses, segundo as pessoas, que pediram anonimato porque o assunto era privado. O medicamento ainda estará disponível nesse intervalo.
Juntamente com os 140 trabalhadores contratados que compõem a equipe de vendas do Addyi, a Valeant está demitindo também cerca de 140 funcionários de suas divisões de dermatologia, gastrointestinal e saúde da mulher, sendo que dermatologia sofreu o maior impacto, segundo uma das pessoas. A Valeant tem cerca de 22.000 funcionários.
"Embora a antiga equipe tenha feito um ótimo trabalho conseguindo aprovação regulatória para o Addyi, e apesar dos nossos melhores esforços em relação à comercialização, as vendas do Addyi ainda não atingiram as nossas expectativas", disse o CEO Mike Pearson, que está de saída, em um memorando aos funcionários obtido pela Bloomberg, cuja autenticidade foi confirmada por uma porta-voz da Valeant.
Pearson disse que a divisão de dermatologia seria reduzida porque a empresa "recebeu vários retornos de médicos dizendo que temos muitas pessoas telefonando para eles para falar sobre produtos estreitamente relacionados".
Declínio da Valeant
Laurie Little, porta-voz da Valeant, preferiu não comentar as mudanças. No memorando, Pearson disse que os executivos da empresa "estão intensamente focados no acesso e avançando com melhorias e aprimoramentos para os nossos planos de vendas e de marketing" para o Addyi.
As ações da Valeant caíram 90 por cento desde o pico de agosto depois que a empresa foi questionada pelos preços de seus medicamentos, criticada por candidatos presidenciais, investigada pelo Congresso e teve que cortar laços com uma farmácia especializada em entregas pelo correio que, segundo os críticos, estava sendo usada pelo laboratório para inflar os números de vendas. Pearson deixa o cargo de CEO depois que a empresa reportou resultados fracos no quarto trimestre e informou que corrigiria alguns resultados de lucros. Além disso, na segunda-feira a empresa enfrentava resistência de parte dos credores em um momento em que busca adiar um calote e flexibilizar as restrições sobre sua dívida, segundo pessoas informadas sobre o assunto. As ações caíram 7,1 por cento, para US$ 26,11, na segunda-feira, em Nova York.
Os cortes na equipe de vendas do Addyi surgem após um início lento do medicamento, que é o primeiro do tipo para mulheres que sofrem de baixa libido. Os planos de saúde vêm negando ou limitando a cobertura à pílula e muitas prescrições preparadas pelos médicos não estão sendo utilizadas.
Investidores da Sprout
A Valeant também está enfrentando exigências de um grupo de investidores da empresa controladora original do Addyi, a Sprout Pharmaceuticals. No mês passado, os investidores enviaram uma carta à Valeant dizendo que a farmacêutica não havia conseguido comercializar o tratamento com sucesso porque fixou um preço alto demais e deixou de fazer propaganda dele, colocando a fabricante sob risco de violar o acordo de fusão. Eles também pediram garantias de que a Valeant manteria uma equipe de vendas de 150 pessoas para distribuir o Addyi.
No memorando de Pearson, ele não especificou quantos profissionais de vendas seriam usados para vender o Addyi.
Quanto à divisão gastrointestinal, Pearson disse que diversas partes da equipe de vendas seriam integradas devido ao foco maior da empresa na comercialização do Xifaxan para encefalopatia hepática. O medicamento também está aprovado para a síndrome do cólon irritável com diarreia.
"Esperamos que haja novas oportunidades para que alguns dos afetados assumam diferentes cargos dentro da empresa", disse Pearson em sua nota.
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