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Tanzânia quer ultrapassar Brasil como maior produtora de sisal

Joseph Burite

07/04/2016 11h04

(Bloomberg) -- A Tanzânia está aumentando o cultivo de sisal com o objetivo de produzir até 100.000 toneladas por ano até 2021 e finalmente ultrapassar o Brasil, o maior produtor mundial, disse o responsável pelo órgão regulador do setor.

O país da África Oriental, que é o segundo maior produtor da fibra usada em produtos têxteis e placas para jogos de dardos, está implementando um plano de produção de 10 anos desde 2012, disse Yunus Mssika, diretor do Tanzania Sisal Board, na terça-feira em entrevista por telefone da cidade litorânea de Tanga.

"Nossa meta é ultrapassar o Brasil, porque antigamente a Tanzânia era a maior produtora de sisal", disse ele. "No momento a demanda pela fibra é enorme e o que produzimos representa, em essência, uma pequena parte da demanda. Não conseguimos atender a demanda".

A produção poderá aumentar para 43.000 toneladas neste ano, contra 40 mil toneladas em 2015, à medida que os produtores começarem a colher a nova safra plantada há três anos, disse Mssika.

Os produtores semearam até 3.000 novos hectares (7.314 acres) no ano passado, somando com os 2.400 hectares em 2014, como parte de um plano para quase triplicar a área plantada para 174 mil hectares.

Primeiro lugar

Em 2013, o Brasil produziu 150.584 toneladas da planta, que é usada para produzir cordas e barbantes, segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O Quênia, que ocupa o terceiro lugar, exportou 21.464 toneladas da fibra em 2015, segundo a Autoridade de Agricultura, Pesca e Alimentos do país.

Os preços se estabilizaram de 2010 para cá, dando confiança aos produtores da Tanzânia para investir na planta, disse Mssika. Uma tonelada de fibra de sisal chega a valer US$ 1.900 a US$ 2.200.

O governo da Tanzânia, uma economia de US$ 48 bilhões, está tentando diversificar suas exportações agrícolas e lucrou US$ 35,5 milhões com o sisal no ano passado, disse ele.

O país também exporta tabaco, caju, café e algodão. A última vez em que o país apareceu como o maior produtor mundial de sisal foi em 1964, ano em que produziu 230.000 toneladas, antes de o uso de fibras sintéticas reduzir a demanda, segundo Mssika.

A China ultrapassou o Reino Unido e é a maior compradora da fibra da Tanzânia, que também vende para Arábia Saudita, Espanha, Japão e Marrocos e agora está mirando mercados como Israel, Filipinas e Paquistão.

A maior parte da produção do vizinho Quênia vem de grandes propriedades de produtoras como a REA Vipingo Plantations, mas o país também está incentivando fazendeiros com uma área limitada de terra em uma tentativa de atender a demanda pela fibra dos setores de construção da Nigéria e da Arábia Saudita.

O sisal da Tanzânia cobre cerca de 60 mil hectares, a maior parte em fazendas, e as autoridades agora estão recrutando agricultores de subsistência para acelerar a expansão, e que acreditam que isso levará o país para a primeira posição. O Brasil confia principalmente em produtores de pequena escala.

"A vantagem que temos como país é que os operadores no nosso setor são produtores de sisal de grande escala, enquanto no Brasil são predominantemente de pequena escala", disse Mssika.